Um dos 32 indígenas mapuches presos e em greve de fome há 74 dias no Chile teve de ser operado hoje em caráter de urgência. Eduardo Painemil foi levado ao hospital com crise de apendicite, mas recupera-se bem após a cirurgia. Outros quatro companheiros dele já estavam no local por questões de saúde.
Jorge Cayupán, outro prisioneiro em greve de fome na cidade de Temuco, foi levado à enfermaria da prisão por causa de uma taquicardia. Nos últimos dias se agravou o estado de vários prisioneiros. Nove deles já tiveram de ser levados a hospitais para tratamento.
A busca de uma solução para o conflito mapuche está parada porque o arcebispo de Concepción, Ricardo Ezzati, não consegue estabelecer o diálogo entre o governo e os indígenas. O religioso iniciou a mediação há nove dias, a pedido do governo, mas as autoridades exigem que os mapuches desistam da greve de fome. Os indígenas, por sua vez, afirmam que levarão sua ação até a morte se o governo do presidente Sebastián Piñera não atender às suas exigências.
O presidente insistiu, em declarações à imprensa chilena, em Nova York, que seu governo “sempre está disposto ao diálogo”, embora repudie a greve de fome. Os mapuches presos exigem que as ações violentas de que são acusados não sejam julgadas pela lei antiterrorista e ao mesmo tempo pela Justiça Militar. Além disso, eles pedem para que não haja testemunhas cujos rostos não são mostrados durante os julgamentos.
O conflito mapuche resultou em recriminações entre o governo de direita e a oposição de centro-esquerda. Os opositores criticam a falta de vontade do governo para sentar-se e dialogar com os mapuches, enquanto o governo acusa a oposição de não aprovar no Congresso reformas na lei antiterrorista nos termos propostos pelas autoridades.