Milhares de manifestantes contrários ao governo invadiram o centro financeiro do Bahrein e expulsaram a polícia, que tentava fazer com que eles voltassem para a principal praça da cidade. Os protestos deste domingo são os mais turbulentos desde que os pedidos de mais liberdade tiveram início, um mês atrás.
Os manifestantes também entraram em confronto com forças de segurança e partidários do governo no campus de uma universidade do país, que abria a 5ª Frota Naval dos Estados Unidos.
Os distúrbios provocam temores de que a crise política no Bahrein possa se tornar um conflito sectário entre sunitas e xiitas, que representam 70% dos 525 mil habitantes do país.
Em alguns bairros, vigilantes montarem postos de verificação para tentar impedir que pessoas de fora entrassem. O Ministério do Interior advertiu no sábado que o “tecido social” do país estava em perigo.
Um dia depois de o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, ter pedido um progresso rápido na direção de reformas no Bahrein, milhares de manifestantes se reuniram antes do amanhecer para fechar a autoestrada rei Faisal, uma via expressa de quatro pistas que leva ao distrito financeiro, no centro de Manama. A medida provocou um enorme caos no tráfego durante o rush da manhã e impediu que muitas pessoas chegassem até seus trabalhos no primeiro dia útil da semana.
“Ninguém conseguiu ir para o trabalho hoje. Desordeiros e manifestantes estão bloqueando a rua”, disse Sawsan Mohammed, 30 anos, que trabalha no distrito financeiro. “É desolador que o Bahrein não seja mais um local estável.”
As forças de segurança dispersaram cerca de 350 manifestantes “usando gás lacrimogêneo”, informou o governo. Mas o trânsito ficou prejudicado até o fim da manhã e muitos motoristas enviaram mensagens de raiva e frustração para sites de redes sociais.
“Eu culpo os manifestantes pelo que está acontecendo hoje no Bahrein”, disse Dana Nasser, 25 anos, que foi pega no meio do tráfego e não conseguiu chegar ao trabalho. A cerca de três quilômetros dali, a polícia se concentrou na Praça da Pérola, local de uma ocupação da maioria xiita – que durou um mês – que pedia um governo eleito e igualdade de tratamento com os sunitas.
Nos últimos dias, muitos manifestantes têm feito mais exigências e querem a renúncia da dinastia sunita que está no poder há mais de dois séculos. As informações são da Associated Press.