Em seu discurso durante a 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, defendeu reformas nos organismos internacionais de crédito e políticos, apoiou o reconhecimento do Estado palestino e voltou a discutir a questão da soberania das Ilhas Malvinas com o Reino Unido.
A chefe de Estado da Argentina criticou o fato do Reino Unido não cumprir nenhuma das dez declarações da ONU e não estar disposto a dialogar sobre a soberania do território. “É uma ocupação ilegítima”, disse, reafirmando que o interesse argentino é pelo diálogo.
“Convocamos mais uma vez o Reino Unido a cumprir as resoluções das Nações Unidas. Vamos esperar mais um tempo, mas, se não [for cumprida], nos veremos obrigados a revisar os entendimentos provisórios vigentes”, atestou, ameaçando suspender os voos ao território.
Segundo a mandatária, essa é uma “prova de fogo” para a entidade porque o Reino Unido se negou “sistematicamente” a participar do diálogo “utilizando sua condição de membro do Conselho de Segurança [CS] com direito a veto”.
Assim como Dilma Rousseff, Cristina também pediu reformas do Conselho de Segurança da ONU argumentando que “vivemos um mundo mais diverso e democrático” e que o órgão representa a multilateralidade. “É necessário eliminar a questão dos membros permanentes e do direito de veto porque isso foi pensando em um mundo bipolar, com o temor de um holocausto nuclear”, declarou.
A presidente, também em concordância com o discurso de Dilma, pediu que “a Palestina tenha o assento número 194 das Nações Unidas”. “Meu país, como a maioria dos países da América do Sul, reconheceu o Estado palestino”, assinalou.
Para ela, que fez questão de reiterar que não está “desmerecendo” o Estado de Israel, impedir que a Palestina faça parte da Assembleia é um argumento para alimentar e encobrir o terrorismo. “A não inclusão, ao invés de dar mais estabilidade para o mundo, vai gerar condições desfavoráveis a uma organização que representa o interesse global de todos os cidadãos”, acrescentou.
No início de seu pronunciamento, Cristina relembrou a grave crise econômica pela qual seu país passou em 2001 e reiterou o pedido de reformas nos órgãos multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
De acordo com a mandatária, há oito anos, quando o índice de pobreza no seu país era superior a 50%, o ex-presidente argentino e seu marido, Nestor Kirchner, já destacava a importância de mudanças nos organismos financeiros e políticos. “Sem isso é impossível conseguir a tão celebrada estabilidade dos mercados”, declarou, acrescentando que seu país se reestruturou, superou a pobreza e a indigência e, hoje, lidera o crescimento em relação ao PIB na América Latina.
A presidente ainda criticou as agências de classificação de risco e considerou que elas têm uma “grande responsabilidade” na atual crise, Ela celebrou, por outro lado, o fato das economias emergentes estarem garantindo a estabilidade da economia mundial.