O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, recusou-se nesta quarta-feira a se render aos apelos internacionais para formar um governo de base mais ampla com o objetivo de conter a insurgência sunita no país. Em declarações transmitidas pela televisão, Maliki disse que os pedidos para formar o que ele descreveu como “um governo nacional de emergência” representariam um “golpe contra a Constituição e o processo político”.

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O anúncio de Maliki, que foi levado ao ar pela televisão estatal iraquiana, foi feito quando os primeiros 300 conselheiros militares norte-americanos chegaram a Bagdá para ajudar o governo xiita de Maliki a pacificar a rebelião, que já dura duas semanas e meia e é liderada pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

Na semana passada, o presidente norte-americano Barack Obama pediu a formação de um governo mais “inclusivo” no Iraque, onde o descontentamento da minoria sunita fomenta a campanha militar do EIIL.

O secretário de Estado norte-americano John Kerry reuniu-se na terça-feira com Maliki em Bagdá e na quinta-feira deve se encontrar os ministros de Relações Exteriores da Arábia Saudita e de outros governos regionais com o objetivo de atrair sua ajuda pressionar a formação de um governo iraquiano mais amigável aos sunitas.

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A coalizão liderada por Maliki conquistou a maior parte das cadeiras do Parlamento nas eleições de 30 de abril, uma vitória que o premiê celebrou como um endosso a suas políticas de segurança. As declarações feitas por ele nesta quarta-feira podem ampliar o impasse político em Bagdá, no momento em que o país enfrenta sua pior crise de segurança desde os anos que se seguiram a invasão pela coalizão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.

Embora os Estados Unidos não tenham explicitamente pedido ao primeiro-ministro iraquiano que deixe o cargo, autoridades do governo Obama expressaram privadamente seu desejo de ver uma cara nova no cargo, ocupado por Maliki desde 2006.

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Desde que as últimas tropas norte-americanas deixaram o Iraque, em 2011, tem havido piora na violência sectária, deterioração das forças militares e, agora, a grande insurgência sunita que se aproxima da capital.

Os pedidos dos Estados Unidos para a formação de um novo governo ecoam as vozes de político de clérigos iraquianos que imploram ao primeiro-ministro para que inclua mais sunitas e curdos em seu gabinete. Líderes dos dois grupos étnicos têm repetidamente acusado Maliki e buscar uma agenda pró-xiita à custa das minorias étnicas e religiosas do país. Fonte: Dow Jones Newswires.