O jornal britânico “Guardian” informou na quarta-feira que policiais envolvidos no golpe militar nas ilhas Maldivas, no oceano Índico, tiveram treinamento na Escola Escocesa de Polícia, mantida pelo Reino Unido.
A revelação causou polêmica na política britânica, especialmente porque os agentes do arquipélago são acusados de violação dos direitos humanos durante a queda do primeiro presidente eleito do país, Mohamed Nasheed, em fevereiro.
Os policiais formam uma das principais forças a garantir o golpe e a liderança do atual dirigente, Mohammed Waheed Hassan, após controlar uma onda de violência civil com forte repressão.
Segundo a publicação, a escola britânica abrigou 77 oficiais da polícia das Maldivas foram treinados na escola britânica, incluindo o atual comandante do grupo, Abdulla Riyaz.
Na academia, os agentes estudaram inclusive direitos humanos, embora não tenham passado por cursos de policiamento para ordem pública. Fontes do arquipélago ouvidas pelo “Guardian” disseram que alguns dos policiais estão envolvidos na onda de violência.
Apesar da condenação internacional, a Escola Escocesa de Polícia pretende manter a cooperação com as Maldivas, oferecendo ajuda para montar os cursos da nova academia de polícia do país e considerando enviar professores. De acordo com o jornal britânico, a Chancelaria também respaldou o pedido.
Como forma de tentar conseguir apoio internacional, Mohammed Waheed usou como argumento os contratos com os britânicos e enviou cartas diretas a figuras públicas britânicas que se opõem a seu regime, como o dono da companhia Virgin Atlantic, Richard Branson, e o vocalista da banda Radiohead, Thom Yorke.
Integrantes do Parlamento e da Chancelaria também pediram explicações ao governo das Maldivas sobre os abusos de poder da polícia, que incluem ataques a parlamentares opositores, torturas e detenções de ativistas pela democracia.
Os parlamentares do governista Partido Conservador e do opositor Trabalhista pediram a revisão urgente dos contratos de treinamento com o arquipélago por causa das suspeitas.
O secretário do Parlamento para a Comunidade Britânica, Joh Glen, diz que há graves preocupações do uso político para manipular a opinião pública internacional. “Isso pode ter graves implicações para a Escola Escocesa de Polícia, que corre o perigo de ser usada por um regime para legitimar a qualidade de suas forças policiais”.
O integrante do grupo de direitos humanos do Legislativo, John Finnie, afirmou que escreveu ao chanceler, William Hague, pedindo a revisão do acordo.