A Malásia, que até pouco tempo atrás aparecia em todas as listas de países emergentes mais promissores, viu seu destino mudar rapidamente nos últimos meses. A economia local está sendo afetada pela queda nos preços das commodities, a desaceleração da China e, agora, também por problemas políticos. Neste sábado, quase 25 mil pessoas protestaram na capital contra o governo do primeiro-ministro Najib Razak.
As autoridades afirmam que o protesto, que começou na Praça Merdeka (Independência), é ilegal. Também foi anunciada a proibição de usar camisetas amarelas em apoio ao movimento. Mesmo com essas medidas e o envio de centenas de policiais, os manifestantes não se intimidaram. Em todo o país, a política estima que quase 30 mil pessoas participaram dos protestos. Não há relativos de prisões ou brigas. Uma nova passeata está marcada para este domingo.
Além de criticarem a condução da economia, os protestos são alimentados por um escândalo de corrupção envolvendo o premiê. Ele é acusado de receber quase US$ 700 milhões pouco antes das eleições de 2013 e também de outras irregularidades na gestão do fundo de investimento estatal 1Malaysia Development Bhd, conhecido pela sigla 1MDB.
No mês passado, Najib demitiu o vice-premiê Muhyiddin Yassin, que cobrou publicamente explicações sobre a situação do fundo. O primeiro-ministro também colocou no governo quatro membros de um comitê parlamentar que investigava a situação, o que significa que eles tiveram de abandonar a tarefa. O chefe de governo ainda antecipou a troca do procurador-geral, que também estava envolvido nas investigações.
Neste sábado, Najib afirmou que os manifestantes “não são patriotas e não amam sua terra”, por realizar os protestos em uma data tão próxima do Dia da Independência, nesta segunda-feira (31). “Eles não entendem que o país foi construído com sangue e suor dos nossos guerreiros?”, questionou. Ele nega qualquer irregularidade e a agência nacional anticorrupção diz que os quase US$ 700 milhões depositados em suas contas foram uma doação de um contribuinte do Oriente Médio, que não foi identificado.
Analistas dizem que Najib deve conseguir se manter no poder, desde continue contando com o apoio do seu partido, o UMNO, que governa o país desde a independência do Reino Unido, em 1957, e também impeça uma desvalorização ainda maior do ringgit, a moeda local, que já caiu 16% em relação ao dólar desde o começo do ano.
Com um dos principais líderes da oposição preso por sodomia, o maior obstáculo de Najib para continuar no poder é um de seus antecessores, Mahathir bin Mohamad, que governou o país por 23 anos, até 2003. Nas últimas semanas o político, agora com 90 anos, vem pedindo a renúncia do premiê. Ele ainda tem bastante influência dentro do UMNO e na semana passada pediu que o Parlamento debata um voto de censura contra o governo, o que ainda não foi aceito. Fonte: Dow Jones Newswires.
