Rebeldes armados invadiram uma base das forças de manutenção de paz da União Africana (UA), em Darfur, e mataram mais de dez soldados, informou a entidade neste domingo (30). Dezenas de soldados ficaram feridos e mais de 50 mantenedores de paz continuam desaparecidos depois do ataque, considerado o maior já perpetrado contra as forças da UA na região. A base atacada situa-se no norte de Darfur.
De acordo com a UA, a ofensiva ocorreu no início da noite de ontem. "Trata-se do incidente com mais perda de vidas e o maior ataque perpetrado contra a missão da União Africana", disse Noureddine Mezni, porta-voz da UA. Segundo ele, ainda não era possível informar o número exato de vítimas porque o ataque deflagrou combates entre rebeldes e mantenedores de paz e as hostilidades persistem.
Fontes na UA relataram que um grupo de mais de mil rebeldes ligados ao Exército de Libertação do Sudão atacaram a base em Haskanita, no norte de Darfur, pouco depois da ceia de desjejum realizada em respeito ao mês sagrado do Ramadã. "Existe uma guerra entre os rebeldes e o governo e a UA está espremida no meio", opinou uma fonte no alto escalão da entidade.
Os rebeldes de Darfur tornaram-se recentemente mais hostis aos mantenedores de paz. Eles consideram que a força não é neutra e a acusam de favorecer o governo. Diversas emboscadas contra soldados da UA ocorridas no Sudão ao longo do último ano foram atribuídas aos rebeldes. Representantes rebeldes não foram encontrados para comentar o ataque. O Exército do Sudão não se pronunciou sobre o assunto.
Mais de 200.000 pessoas morreram e cerca de 2,5 milhões foram obrigadas a fugir em mais de quatro anos de conflito em Darfur. A violência começou quando integrantes de tribos africanas da região pegaram em armas e rebelaram-se contra o governo sudanês. As tribos africanas queixam-se de décadas de negligência e discriminação.
O governo iniciou então uma contra-insurgência durante a qual uma milícia árabe pró-Cartum cometeu atrocidades contra a comunidade africana.