Foto: Chuniti Kawamura


Marlene: "Faço tudo para que os dois sejam felizes".

continua após a publicidade

Para o Dia das Mães, muitos filhos pensam nos presentes que vão dar para as mulheres que sempre fizeram e fazem parte do dia-a-dia deles. Realmente é um dia especial, de homenagem, com todo o direito. Mas as mães não podem ser lembradas em apenas um dia. Cada uma delas enfrenta uma luta diária para conseguir sobreviver e ver a sua prole em uma boa condição. Uma luta que muitos filhos não dão a menor consideração. Apesar das dificuldades, sejam elas sociais, econômicas ou familiares, as mães continuam a sua luta. E nem cogitam a possibilidade de mudar isso.

Marlene Vargas, Maria de Lourdes Souza Andrade e Roseli de Fátima Oliveira são carrinheiras. Elas moram na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e fazem parte da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Novo Amanhecer. As três acordam muito cedo. Saem para recolher papel e outros tipos de materiais às 6h. Muitas vezes, vão parar no Centro, no Água Verde, no Portão, no Boqueirão. Tudo para conseguir uma renda melhor.

Foto: Chuniti Kawamura

Roseli: todos ajudam.

Foto: Chuniti Kawamura

Maria: família reunida.

Marlene tem dois filhos, uma menina de 15 anos e um menino de 12. ?Faço tudo para que os dois sejam felizes. Quero que eles arrumem um bom serviço?, afirma. Os dois filhos moram com a mãe. Eles estudam, mas Marlene chegou a levar a sua filha, ainda pequena, para catar papel. Isso porque não tinha com quem deixar a criança. ?A vida é muito difícil. Comecei a catar papel há 15 anos porque não conseguia emprego. Tem dia que eu realmente desanimo. Mas aí eu penso nos meus filhos. Eles me apoiam, mas também me pedem as coisas. Digo que eu não posso dar. Os meus filhos concordam, mas é uma situação muito complicada?, comenta.

A vida de Maria de Lourdes é dividida entre o trabalho e a família. São cinco filhos e mais dois netos. Todo mundo mora junto. ?É muito bom ter a família reunida. Lógico que tem hora que sai briga, mas a gente se entende?, diz. A filha mais velha, de 25 anos, trabalha junto com Maria de Lourdes na associação. ?Catar papel é um trabalho digno. Mas tem dia que a gente se desespera porque volta com o carrinho vazio. Fica sem dinheiro para pagar as contas. A força acaba sendo a família mesmo. Tudo é para eles?, conta.

continua após a publicidade

Os quatro filhos de Roseli estão estudando ou estão na creche. Além deles, tem mais um netinho. ?Todos ajudam muito em casa. Mesmo assim, não é fácil. Já tive que correr atrás de emprego, até em casa de família. Eu só quero tudo o que tiver de melhor para todos eles?, deseja Roseli, que chegou a levar os filhos para catar papel com ela. Mas as crianças se cansavam. Então, foram para a escola. Bem melhor.

Filhos saudáveis, o melhor presente

continua após a publicidade

Assim como as mães de todo o mundo, Marlene, Maria de Lourdes e Roseli também sonham com presentes materiais. Querem uma casa, um computador para a associação de catadores, um carro… Surgem até pedidos tão básicos, que muitas vezes são esquecidos. ?Eu gostaria é de ganhar comida. Lá em casa está faltando?, ressalta Roseli. Mas estas mães já têm o melhor presente que pode existir: filhos saudáveis, reunidos e longe dos caminhos perigosos, que podem destruir qualquer família.

A filha mais velha de Maria de Lourdes vai retomar o estudo. ?Falo para os meus filhos estudarem, seguirem no caminho certo. Se eles fizerem isso, vão ter um futuro melhor, bem melhor do que o meu. Gostaria de ver os meus filhos bem. Talvez como médico, ou trabalhando em um banco. O meu filho mais novo quer ser bombeiro. Um grande presente de Dia das Mães seria um bom futuro para eles. Que todos sejam felizes?, comenta.

Apesar das dificuldades de todos os tipos, essas mães não perderam a essência de ser simplesmente mãe. Em um mundo no qual se tornaram comuns os casos de abandono de crianças, elas dão o exemplo de que as adversidades não justificam tais ações.