Menos de uma semana depois de ter denunciado um suposto plano para derrubá-lo e assassiná-lo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez novas declarações agressivas contra os Estados Unidos e os vizinhos Brasil e Colômbia. Alegando a defesa do território venezuelano, Maduro disse que a milícia do país agora tem 1,6 milhão de integrantes e vai “armá-los até os dentes”.

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Maduro ainda afirmou que, no caso de uma invasão do inimigo “imperialista”, as tropas agressoras “não sairiam vivas” do território venezuelano. “Vamos defender nossa pátria dos imperialistas, oligarcas e traidores… estejam em Bogotá ou em Brasília”, insistiu Maduro, na noite de segunda-feira, 17, ao falar para voluntários integrantes de milícias em Caracas.

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O número é três vezes maior do que os “400 mil” membros que o regime havia informado em abril. Um dos mais polêmicos projetos de Chávez na área de segurança foi a criação de milícias encarregadas de proteger o governo. Elas contam com homens e mulheres, civis, que portam armas de uso exclusivo das Forças Armadas.

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Uma parcela minoritária dessas milícias está organizada de forma semelhante às brasileiras, alimentadas por “contribuições” de moradores, regulação de serviços e captura de armas obtidas em confrontos com o narcotráfico. Pesam contra esses grupos denúncias de extorsão – a oposição as considera grupos paramilitares. Algumas, conhecidas como “colectivos”, têm treinamento militar avançado, recebem apoio do governo e fazem campanha pelo chavismo.

Maduro não deixou claro como teria conseguido quadruplicar o número de integrantes das milícias em oito meses, mas analistas acreditam que se trata de um número inflado. “Maduro está usando o contingente de pessoas dispostas a pegar em armas para defender o chavismo e os tratando como soldados treinados, o que não é o caso”, disse Benigno Alarcón, analista de segurança e especialista em Defesa e conflitos na Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas. “Ao menos 60% dessas pessoas não têm treinamento militar.”

Segundo o jornal venezuelano “El Nacional”, Maduro pediu aos militares venezuelanos para desenvolver planos preventivos ante “qualquer movimento estranho de grupos paramilitares ou infiltrados” e esforços para “defender cada centímetro do território dos inimigos do país”.

Com a posse do presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, se aproximando, a tensão entre Brasil e Venezuela aumenta. Na semana passada, Maduro disse que o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, passou instruções a Bolsonaro sobre um plano para derrubá-lo quando os dois se encontraram no Rio de Janeiro, em 29 de novembro. “O povo deve aprender, como fez o povo do Vietnã, a defender sua terra com uma faca, com uma pedra, com um porrete, com um bastão, com o próprio corpo, com o que for necessário”, afirmou Maduro.

No último fim de semana, foram publicados na internet vídeos de treinamento de civis sem uniformes e de milicianos. Eles são vistos fazendo exercícios físicos e de tiro, incluindo idosos em idade avançada. Nas redes sociais, muitos ridicularizaram e compararam a imagem com a dos soldados dos EUA, a força militar mais poderosa do mundo.

Os milicianos ganham do governo apenas as roupas: um chapéu, botas pretas e um uniforme militar verde com muitos bolsos. Todos os sábados, recebem instrução militar, prática e teórica por cinco ou seis horas. Cada batalhão pode ser composto por até 300 voluntários. Os que trabalham há mais tempo na milícia recebem seguro-saúde e um salário mínimo do governo chavista. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.