A Espanha exigiu hoje que o Marrocos permita a entrada da imprensa estrangeira para registrar os violentos incidentes no Saara Ocidental. Madri evitou, porém, condenar a ação policial marroquina que desencadeou o enfrentamento. O território, sob a soberania marroquina, e sua maior cidade, El-Aaiún, vivem momentos de tensão, com forte presença de forças de segurança e do Exército na área, após as revoltas da última segunda-feira que começaram após agentes marroquinos desmantelarem um acampamento.
Ativistas sarauis denunciaram prisões indiscriminadas em El-Aaiún, mas as autoridades marroquinas bloqueiam o acesso de quase toda a imprensa estrangeira por mar e ar. O acampamento tinha um mês e havia sido criado para pedir melhores condições de vida para a população local. A crise detonou uma onda de violência que matou pelo menos 19 sarauis e um policial marroquino.
A chancelaria espanhola esclareceu que uma das vítimas sarauis tinha também nacionalidade espanhola e informou que pediu informações ao Marrocos sobre o caso. Três jornalistas espanhóis da rádio Cadena Ser conseguiram romper o bloqueio e chegaram ontem a El-Aaiún, mas foram detidos e o Marrocos iniciou um processo para expulsá-los. A emissora informou que seus funcionários estão retidos no aeroporto da cidade.
“Estamos permanentemente esforçando-nos com o Marrocos para garantir o direito à informação em El-Aaiún e em todas as partes”, disse o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, em Seul, onde participa da cúpula do G-20.
Zapatero afirmou que a relação com o Marrocos é prioridade para a Espanha. Apesar disso, demonstrou preocupação com os incidentes no Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola ocupada pelo Marrocos após a saída da Espanha, em 1975. O governo espanhol apoia o diálogo entre marroquinos e o movimento pela independência Frente Polisário, que pede um referendo para se decidir sobre a independência da região. As informações são da Associated Press.