Logo depois de o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ter anunciado o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, o Palácio do Planalto passou a agir no início da tarde de hoje para reduzir a tensão entre os dois países. Em conversa por telefone com Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu uma “saída” negociada para a crise, informaram assessores do governo brasileiro.
Chávez decidiu romper com a Colômbia depois que o embaixador de Bogotá na Organização dos Estados Americanos (OEA), Luiz Hoyos, acusou a Venezuela de esconder em seu território 1.500 integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Lula e sua equipe avaliam que o clima de tensão tem fatores meramente midiáticos. O presidente colombiano, Alvaro Uribe, que está a poucos dias de deixar o cargo, está, na visão do Planalto, mais à vontade para fazer acusações contra o governo venezuelano. Chávez, por sua vez, sabe que em 7 de agosto assume o novo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que já demonstrou disposição para negociar.
Em entrevista no Itamaraty, à tarde, o assessor de Assuntos Internacionais do Planalto, Marco Aurélio Garcia, lamentou a decisão de Chávez de romper relações com a Colômbia. Garcia disse ter convicção que a situação irá se “recompor” com a posse de Juan Manuel Santos.
“Temos uma boa percepção de que há disposição dos dois governos, num futuro próximo, talvez depois da posse do presidente Santos, de que isso venha a ser resolvido”, afirmou. “Estou convencido de que haverá vontade das duas partes de resolver isso.”
Principal interlocutor do presidente Lula com autoridades latino-americanas, Garcia informou que o governo brasileiro está ajudando por meio de conversas a resolver o impasse. “Há uma tensão que está criada há muito tempo na região”, observou o assessor do Planalto.
“O Brasil tem procurado em várias ocasiões e, com êxito em alguns momentos, reduzir essa tensão”, completou. “Talvez seja a ocasião agora com o governo Santos de criar um clima de aproximação mais consistente.” As declarações foram dadas após Garcia participar de almoço com o presidente Lula e o primeiro-ministro do Kuwait, xeque Nasser Al Sabah.