O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmentiu em público as declarações sobre o Irã feitas de seus dois principais colaboradores no campo da política externa, o chanceler Celso Amorim e o seu assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Ao lado do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, no Itamaraty, Lula descartou a possibilidade de o Brasil tornar-se depositário de urânio levemente enriquecido iraniano e descartou a hipótese de um ataque militar dos Estados Unidos contra o Irã.
Ontem, em Teerã, Amorim declarara à imprensa iraniana que o governo brasileiro considerará uma proposta de receber urânio iraniano em seu território, se vier a recebê-la, como meio de tornar viável um acordo entre Teerã e as potências nucleares, mediado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
“O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã. Há lugares mais perto do Irã que o Brasil. Mas isso vai depender muito do Irã”, decretou Lula, referindo-se especialmente à Turquia, país que já se colocou à disposição.
Pouco antes, Lula fora questionado sobre a afirmação de Garcia, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, de que um “ataque ao Irã teria efeito muitíssimo superior àquele que teve a ação contra o Iraque nos anos 90 e, depois, nos anos 2000”. “Eu, sinceramente, não vejo hipótese nem oportunidade política de os EUA invadirem o Irã. Isso não foi discutido em nenhum fórum, muito menos no Conselho de Segurança (das Nações Unidas)”, afirmou Lula.
O presidente destacou que em sua visita a Teerã, no próximo dia 15 de maio, espera poder “convencer os iranianos a não construir a bomba nuclear”.