Em discurso esta tarde no Palácio do Itamaraty, após assinatura de atos com o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a Síria seja “ouvida e envolvida” nas grandes discussões sobre o futuro do Oriente Médio. “Apoiamos o princípio da “terra por paz” para assegurar a devolução das Colinas de Golã à Síria”, declarou Lula, em discurso redigido. Ele voltou a pregar a importância da existência de um Estado palestino independente, soberano, coeso e economicamente viável, que possa conviver em segurança e dignidade com Israel.
“Isso só será possível com unidade, e contamos com a Síria para ajudar a alcançar uma verdadeira reconciliação entre palestinos”, declarou Lula, ao ressaltar que condenou a intervenção em Gaza, “da mesma forma que condena atos terroristas de qualquer espécie”. Ele condenou também o incidente com a flotilha humanitária, atacada por israelenses em águas internacionais e disse que isso “mostra que é mais do que hora de suspender o bloqueio a Gaza”.
Lula abriu seu discurso afirmando que recusa a tese de que “o Oriente Médio esteja fadado ao conflito” e de que seus filhos estejam “condenados a reviver a irracionalidade da guerra”. Na avaliação do presidente, “não haverá reconciliação verdadeira se houver vencedores e vencidos”. Lula disse que a busca pela paz é responsabilidade de todos e que tem urgência em ver a região pacificada, “com todos os povos vivendo em harmonia”. Ele lembrou que foi esta a mensagem que transmitiu aos presidentes de Israel, Shimon Peres, da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas; do Irã, Mahmoud Ahmadinejad , e do Líbano, Michel Sleiman, quando estiveram no Brasil.
“Levei esta exortação à moderação e ao compromisso negociador em minhas recentes visitas a Tel Aviv, Ramalá, Amã, Doha e Teerã”, prosseguiu Lula, acrescentando que “a paz no Oriente Médio é um dos pilares” do projeto no qual o Brasil quer ser parceiro. Depois de salientar que “a Síria é um sócio indispensável na busca da pacificação” Lula afirmou que “esse conflito transcende as dimensões regionais e afeta o mundo inteiro”, e ressaltou que “não se retomarão as negociações, sem o engajamento de todos”.
Gratidão
Já o presidente da Síria, Bashar Al-Assad, disse ser “muito grato” à posição do Brasil em relação ao Oriente Médio, e elogiou a posição do presidente Lula, em favor da paz na região nos últimos oito anos, principalmente em relação à questão Palestina, “que é a questão mais importante para os árabes”. Assad aproveitou para comparar a posição do Brasil na Guerra do Iraque em 2003 com a de agora, de tentar intermediar uma solução negociada para evitar sanções ao Irã, e elogiou a “boa intenção do Irã” de abrir a possibilidade de negociação em relação a troca de combustíveis nucleares.
Bashar Al-Assad ainda acusou Israel de ser uma “ameaça à região”. Segundo ele, “Israel sempre põe empecilhos para se chegar à paz” e reclamou do cerco que continua sobre Gaza. Por fim, o presidente Sírio defendeu a presença do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para que o órgão seja mais equilibrado e possa corrigir grandes erros.
Em seguida, os dois presidentes foram para um almoço no Itamaraty.