O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou hoje os resultados da convenção sobre o clima realizada em Copenhague, em 2009. No entanto, ele afirmou que acredita na possibilidade de “ter acordo, levando em conta as responsabilidades diferenciadas” (dos países) na reunião do clima a ser realizada no México, ainda este ano. A afirmação foi feita durante um discurso de improviso em Cancún, na reunião de cúpula dos países latino-americanos e do Caribe.
Para Lula, “não é possível que os países ricos se proponham a dar uma quantia em dinheiro muito pequena e falem como se tivessem dando uma quantia em dinheiro muito grande”. Ele disse ainda que os países ricos agem “como se tivessem prestando um favor, quando, na verdade, em 200 anos, foram eles que poluíram o planeta”.
“Portanto, não existe favor, é pagamento de dívida, é uma reparação. E eu estou convencido de que, com o espírito revolucionário do povo mexicano, vamos conseguir firmar um acordo que não conseguimos fazer em Copenhague. Copenhague não deu certo porque não tinha organização e coordenação. Esse é o fato concreto e objetivo,” disse Lula.
Comunidade
Lula disse que estava muito gratificado por participar do encontro que criava um novo organismo de defesa dos interesses da região. “Não esperava que a gente chegasse tão rápido a criar comunidade (Comunidade Latino-americana e Caribenha), mas isso me motiva a dizer a todos vocês que não há nenhuma razão para sermos pessimistas”.
“Não resolvemos ainda todos os problemas sociais, mas estamos consolidando a democracia como em nenhum outro momento desses 200 anos de luta. E isso fica demonstrado numa maioria aqui”.
Na opinião de Lula, em uma reunião do nível da cúpula em Cancún, “não existe gente de direita ou de esquerda”. “Quando sentamos aqui, somos chefes de Estado. Sem abrir mão de convicções ideológicas, somos obrigados a fazer os tratados e os acordos possíveis. As questões ideológicas não são colocadas como prioridade, mas a relação entre os Estados é que se leva em conta”.
Honduras
Lula disse que Honduras não estava na reunião em Cancún porque, “mesmo tendo eleições lá, sabe-se que aquelas eleições foram convocadas de forma equivocada e se truncou o mandato de homem eleito democraticamente pelo voto”.
Segundo o presidente, “não podemos aceitar, nem por brincadeira, que essa experiência de juntas militares de Honduras prevaleça em outros países da América Latina ou Caribe.”