Lula culpa países desenvolvidos de travar rodada Doha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou os países desenvolvidos de travar a rodada Doha sobre o comércio internacional. Em cerimônia no palácio do governo da República do Congo, ele disse que os Estados Unidos e a Comunidade Européia (organização internacional constituída por 27 países europeus) deveriam ser mais flexíveis na questão dos subsídios agrícolas. "É preciso que os países ricos parem de tratar os países pobres como se fossem pedintes", disse, arrancando aplausos de membros do governo do ditador Denis Sassou-Nguesso.

Ao lado de Sassou-Nguesso, Lula reclamou que os Estados Unidos querem aumentar os subsídios agrícolas para produtores norte-americanos. O presidente disse que as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) só vão deslanchar se os países desenvolvidos aceitarem regras de flexibilização que levem em conta a realidade dos países pobres, que não podem, segundo ele, reduzir muito as tarifas de importação dos produtos industrializados. Ele observou que a indústria de boa parte dos países pobres está em fase inicial e é pouco competitiva no mercado externo.

Porém, Lula avaliou que o Brasil está numa situação "razoável" na questão do comércio internacional. "Nossa agricultura, por exemplo, é competitiva em qualquer lugar do mundo", disse. "Ou os países ricos cedem um pouco ou o acordo estará mais difícil.

Um repórter da República do Congo perguntou a Lula sobre os "urubus que atacam por todos os lados" a África, referindo-se ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial. Lula respondeu que, por pressão dos países ricos, o FMI só pode ser dirigido por um europeu e o Banco Mundial por um americano. "Não podemos continuar dependendo do FMI e do Banco Mundial", disse. "No FMI e no Banco Mundial os continentes sul-americano e africano não têm vez nem voto.

Na viagem, Lula chamou de "progressista" o presidente da República do Congo, no poder desde um golpe de Estado em 1997. Depois, anunciou que pretende transformar a dívida de US$ 360 milhões do país com o Brasil em linha de financiamento, que poderá incentivar negócios de grandes empreiteiras brasileiras.

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