O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, destituiu hoje os comandantes do Exército, Engenharia e Armada por terem permitido há duas semanas que fosse realizado um congresso latino-americano de jovens marxistas no comando de engenharia. A Constituição proíbe as forças militares de envolverem-se em atividades político-partidárias. As exonerações foram divulgadas na página da internet do escritório de imprensa do palácio do governo. O general Alfredo Machuca foi substituído pelo general Oscar Velázquez na chefia do Exército; o coronel Roberto Bareiro é o novo comandante da unidade de Engenharia no lugar do coronel Felipe Cañete e o contra-almirante Claudelino Recalde substitui o Oficial da Marinha de mesma graduação, Rubén Valdez.
A publicação oficial esclarece que os militares perderam seus cargos, sem especificar se receberão outro destino ou se passarão para a reserva. A decisão de Lugo recebeu críticas no Congresso. O senador Marcelo Duarte, do partido opositor Pátria Querida, disse que o presidente deve demitir também os ministros da Juventude, Karina Rodríguez, e o de Emergência Nacional, Camilo Soares, por terem sido os organizadores do congresso de jovens esquerdistas “em um quartel militar que não tem autorização constitucional para fazer política”. Fernando Silva, senador do governista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), insistiu que Rodríguez e Soares, principais líderes do Partido Movimento ao Socialismo (P-MAS), “devem ser exonerados de seus cargos por comprometerem a institucionalidade militar e por haverem prejudicado, com seus erros, a carreira de chefes militares”.
Durante os três dias de duração do congresso esquerdista, do qual participaram cerca de 800 jovens provenientes da Bolívia, Venezuela, Equador, Nicarágua, Brasil, Chile, Uruguai, Argentina e Paraguai, os jornais de Assunção publicaram fotografias de bandeiras hasteadas com comando de engenharia com o rosto do guerrilheiro argentino Ernesto “Che” Guevara e símbolos do Partido Comunista Paraguaio, entre outros.