O presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou nesta segunda-feira (21), em conversa com jornalistas brasileiros, que confia na racionalidade do governo do Brasil. Para ele, se os dois países sentarem para conversar sobre o Tratado de Itaipu será um passo importante, que não foi dado ainda.
Durante a campanha eleitoral, Lugo defendeu a renegociação do preço pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia de Itaipu que o país vizinho não usa. De acordo com o tratado firmado em 1973 e válido por 50 anos, cada um dos países tem direito a metade da energia produzida na usina binacional. No entanto, o Paraguai utiliza apenas cerca de 5% da parte que lhe cabe. O restante é necessariamente vendida ao Brasil, por força do tratado.
O governo brasileiro já declarou diversas vezes que o contrato de Itaipu não vai ser renegociado. Lugo disse que há duas opções para resolver o impasse. A primeira é esperar 2023, o que não convém aos paraguaios. A outra é chegar a uma solução consensual racional, justa para nós. Não creio que nenhum governo da região possa se afastar da racionalidade, da objetividade e dos argumentos que se apresentam, afirmou.
O presidente eleito disse que não pretende levar a questão ao Tribunal Internacional de Haia. Antes disso, quer esgotar todas as possibilidades de negociação em nível regional. Não queremos chegar tão alto e tão longe, não enquanto tivemos os meios locais., afirmou. Na região, também poderíamos ter a participação de um outro país como mediador. Tenho muita confiança [numa renegociação] e não creio que será necessário chegar a outros meios internacionais.
Lugo não disse quem seria o mediador. Ele afirmou que teria que ser uma decisão de consenso com o governo brasileiro, até definir alguém que seja de confiança.
Apesar do impasse, o paraguaio afirmou que Lula se destaca entre os presidentes brasileiros pela vontade de cooperação. Estou convencido que o presidente Lula é um dos últimos presidentes que demonstrou, com sinais evidentes, sua grande predisposição de uma relação de cooperação com o Paraguai, o que não sentíamos anteriormente, disse.
Até a manhã desta segunda-feira (21), Lugo já havia recebido ligações dos presidentes Tavaré Vasquez (Uruguai), Michelle Bachelet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), e Cristina Kirchner (Argentina).
Em relação ao presidente uruguaio, Fernando Lugo disse que é o presidente latino-americano com quem ele mais se identifica em termos de ideologia política.
