Os pastores franceses perdem o sono por causa dos lobos, uma espécie protegida que não pode ser caçada, mas que é cada vez mais numerosa nos Alpes, onde é comum encontrar ovelhas mortas e rebanhos aterrorizados.
Para defender seus animais, aos pastores nada resta a não ser a inteligência. O mestre das invenções é o monge pastor Alain Manory, que cuida de 400 ovelhas a 1.600 metros de altura, no maciço de Belledonne, no sudeste do país.
Há dois anos os lobos mataram 15 ovelhas e 15 cabras. Além disso, nenhuma ovelha do rebanho conseguia se reproduzir, devido à contínua situação de estresse.
Assim, Manory decidiu instalar um fio duplo eletrificado em torno de sua propriedade, alimentando-o todas as noites com baterias, que são recarregadas durante o dia com painéis solares.
Os lobos já não conseguem matar as ovelhas, mas o franciscano tem de se levantar freqüentemente durante a noite. “Os lobos”, explica, “se aproximam e, como são muito inteligentes, compreendem que o local é perigoso. Assim, adotaram uma nova estratégia: aterrorizam o rebanho para que as próprias ovelhas rompam o recinto e caiam em suas garras”.
A Secretaria de Agricultura e Bosques local não subestima o problema e para atenuar a situação colocou à disposição do pastor cães de defesa que pesam 80 quilos, são brancos e vivem entre as ovelhas, para que os lobos os confundam com carneiros.
Mas segundo os pastores o perigo é que os cães possam atacar passantes ocasionais, que por acaso tenham ido parar em meio ao rebanho.
Para piorar a situação, é difícil saber quando surgem ovelhas ou cabras mortas e se foram lobos ou cães selvagens que as atacaram. Antes se examinavam os restos dos animais, mas agora também voltaram os abutres, que deixam os ossos descarnados e tornam impossível qualquer exame.