O escritor peruano Mario Vargas Llosa qualificou o prêmio Nobel de Literatura, recebido hoje por ele, como “um reconhecimento à língua em que escrevo, a língua espanhola, e à literatura latino-americana”. “A verdade é que não esperava, foi uma surpresa total. Uma surpresa muito agradável, claro.”
Vargas Llosa é o primeiro ganhador desse prêmio entre os países de língua hispânica desde que o mexicano Octavio Paz foi agraciado, em 1990. O escritor colombiano Gabriel García Márquez havia sido lembrado em 1982. Anteriormente, haviam sido premiados o escritor guatemalteco Miguel Angel Asturias e os poetas chilenos Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
Inicialmente um idealista de esquerda, Vargas Llosa rompeu com essa forma de pensar em 1971, quando passou a se situar na centro-esquerda. O escritor escreveu críticas literárias e outros tipos de ensaio e de textos jornalísticos, além de sua obra ficcional.
Um duro crítico do primeiro governo do presidente Alan García (1985-1990), Vargas Llosa acabou candidato presidencial do Peru em 1990. Aparecia como favorito, mas foi surpreendentemente derrotado pelas promessas populistas de Alberto Fujimori.
O escritor também tem cidadania espanhola. “Jamais renunciei à minha nacionalidade peruana, eu a enriqueci acrescentando a espanhola”, defendeu-se certa vez. No início desta década, Vargas Llosa voltou a fazer sucesso com o romance “A Festa do Bode”, um grande êxito comercial, levado aos cinemas em 2005. O romance está ambientado na República Dominicana, nos últimos anos da ditadura de Trujillo. Em 2006, voltou às listas de mais vendidos com “Travessuras da Menina Má”.