A madre Teresa de Calcutá era um “guru das relações públicas” e “uma máquina propagandística viva”, que manipulava com habilidade a mídia para promover sua imagem, afirma um acadêmico britânico num livro sobre o papel dos meios de comunicação na criação e divulgação do que define como “o mito” da religiosa albanesa.
Segundo Gezim Alpion, pesquisador da Universidade de Birmingham, a imagem de madre Teresa, falecida em 1977, foi “meticulosamente construída” pela Igreja Católica, mas a própria freira, beatificada pelo papa João Paulo II no ano passado, “também teve um papel ativo para forjá-la”.
“A madre Teresa é uma das figuras mais divulgadas pela publicidade no século XX”, ressalta Alpion em “Biased discourse: the case of mother Teresa” (Discurso faccioso: o caso de madre Teresa). “Seu mito foi minuciosamente elaborado ao longo dos anos pela Igreja Católica, por numerosos governantes da Índia e diversos governos da Casa Branca”.
O autor destaca que durante o processo de construção da imagem a madre Teresa não foi passiva: “Sempre tinha posição sobre o que deveria ou não ser dito a respeito dela”. A freira, que ganhou o prêmio Nobel da Paz, foi transformada pela Igreja numa “santa viva” por seu trabalho humanitário na Índia, onde cuidava dos pobres e doentes.