Líderes europeus ameaçaram neste domingo impor sanções mais rígidas à Rússia após a derrubada do avião da Malaysia Airlines. No entanto, não ficou claro como a União Europeia pretende agir para tornar realidade essas ameaças. Cresceram os pedidos para que ativos europeus de companhias e empresários russos proeminentes sejam congelados já na terça-feira, quando os ministros de Relações Exteriores da UE se reúnem em Bruxelas.
Os líderes europeus elevaram o tom em relação ao caso do voo MH17. A suspeita geral é de que um míssil disparado do território controlado por rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia tenha sido o responsável pela queda do avião. Autoridades americanas acreditam que a Rússia tenha fornecido armamento aos rebeldes.
Líderes que têm pressionado a UE a adotar uma posição mais enfática acreditam que a queda do voo marca essa necessidade. “Na minha avaliação, esse é um momento crítico”, afirmou o ministro de Relações Exteriores da Lituânia, Linas Linkevicius. “Se alguém tinha a ilusão de que isso estava ocorrendo somente na Ucrânia e que não tinha nada a ver com nossas preocupações comuns, agora se pode ver todas essas vítimas do Ocidente. Os países europeus estão reavaliando suas ideias e percepções”, acrescentou.
No entanto, apesar de o apoio a novas sanções estar crescendo, autoridades europeias alertaram que desafios legais e burocráticos podem tornar mais difícil a implementação dessas punições na terça-feira.
O presidente da França, François Hollande, exigiu que os separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia forneçam “livre e total acesso” ao local da queda do avião. “Se a Rússia não tomar imediatamente as ações necessárias, as consequências serão decididas pela União Europeia quando seu conselho de ministros de Relações Exteriores se reunir na terça-feira”, afirmou, após ligações telefônicas com líderes do Reino Unido e da Alemanha.
A Itália, que anteriormente era cética às sanções, também elevou o tom. “Se a Rússia não cooperar com a investigação” sobre as circunstâncias do ocorrido, “estamos muito preparados para apoiar as sanções”, disse uma porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país.
A chanceler alemã, Angela Merkel, que tem estado no centro da diplomacia europeia, consultou colegas vizinhos pelo telefone, mas não divulgou um comunicado. Seu gabinete se recusou a comentar os comunicados divulgados pela França e pelo Reino Unido. O premiê britânico, David Cameron, expressou sua frustração neste domingo com a relutância da Europa em confrontar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e pressionou por uma posição mais rígida.
“Por muito tempo houve relutância da parte de muitos países europeus em enfrentar as implicações do que está ocorrendo no leste da Ucrânia. Sentado na mesa do Conselho Europeu na noite de quarta-feira, eu enxerguei essa relutância novamente”, escreveu Cameron, em um artigo para o Sunday Times, referindo-se à reunião europeia ocorrida na semana passada. Fonte: Dow Jones Newswires.