Líderes do Paquistão e da Índia falaram de forma esperançosa neste domingo (14) sobre melhorar as relações entre os dois países, em uma aparente tentativa de consertar a situação tensa que se seguiu aos ataques terroristas em Mumbai. O presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, minimizou as notícias de que jatos da Índia violaram o espaço aéreo paquistanês um dia antes, enquanto o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, disse esperar que as relações possam ser “normalizadas”, mas não até que “nosso vizinho pare de permitir que seu território seja usado para atos de terrorismo contra a Índia”.
Autoridades paquistanesas disseram que aviões da Índia invadiram de dois a quatro quilômetros da parte paquistanesa na Caxemira no sábado. Jatos do Paquistão perseguiram os aviões indianos e os forçaram para fora da fronteira.
O presidente do Paquistão tentou minimizar o incidente, chamando de “incursões técnicas” que saíram da proporção. “Incursões acontecem”, afirmou ele em entrevista coletiva com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, acrescentando que os aviões voavam a 12 mil metros, quando executaram uma curva que “entrou brevemente no território paquistanês”.
O porta-voz da força aérea da Índia Mahesh Upasani negou que jatos do país tenham violado o espaço aéreo paquistanês.
Os dois países já lutaram três guerras desde que se tornaram independentes do Reino Unido, em 1947. Apesar do processo de paz iniciado em 2004, as tensões permanecem elevadas e cada país quer evitar mostrar fraqueza ao outro. A Índia tem pedido ao Paquistão para rastrear grupos militantes que operam fora do país, especialmente o Lashkar-e-Taiba, que tem sido acusado pelos ataques em Mumbai que mataram mais de 160 pessoas. O Paquistão realizou buscas em uma instituição de caridade que acreditava-se estar ligada ao Lashkar, mas também instou a Índia a dar mais provas.
Abdullah Ghaznavi, o porta-voz chefe do Lashkar, negou envolvimento nos ataques de Mumbai e afirmou que os únicos alvos de seu grupo são as forças indianas e as instalações de defesa da Índia, como parte dos esforços de forçar que a Índia deixe sua parte na disputada região da Caxemira. “Essa é uma jihad e irá continuar”, disse Ghaznavi para a Associated Press por telefone, hoje, de local não informado. Ele alegou ainda que seu grupo “não tem ligações diretas ou indiretas” com o Taleban ou a Al-Qaeda.
