Os líderes árabes rivalizaram abertamente sobre a maior parte dos problemas da região na cúpula anual da Liga Árabe nesta terça-feira, em especial sobre a impossibilidade de resolver a guerra civil na Síria e a revolta contra o Qatar por seu apoio à Irmandade Muçulmana.
No primeiro dia da cúpula, Arábia Saudita, Kuwait e Egito pressionaram por uma abordagem conjunta contra o terrorismo, dizendo que ele representa um perigo iminente à segurança regional. O pedido foi uma forma de pressionar o Qatar, que apoia a Irmandade Muçulmana, é a terra natal de vários de seus líderes e é acusado pelos vizinhos do Golfo de armar grupos militantes islâmicos que estão entre os rebeldes sírios.
O presidente interino do Egito, Adly Mansour, conclamou os ministros do Interior e da Justiça árabes a se reunir antes de junho para estabelecer guias sobre o que cada nação precisa fazer para confrontar o terrorismo. Mansour pediu a extradição de indivíduos procurados, uma referência a líderes da Irmandade.
O líder do Qatar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, respondeu em seu discurso na abertura da cúpula. Taim pediu ao Egito que inicie um “diálogo político amplo” para atingir a estabilidade. O comentário foi uma crítica velada ao cerco à Irmandade empreendido pelo governo interino, apoiado pelos militares, desde a deposição de Morsi.
Tamim também criticou o governo iraquiano, acusando-o de discriminação contra a minoria sunita no país, que reclama de ser excluída do poder pela maioria xiita. O vice-presidente do Iraque, Khudeir al-Khuzaie, que liderava a delegação iraquiana à cúpula, rejeitou as acusações de Tamim e insistiu que o Iraque é uma nação democrática que respeita os direitos de facções étnicas e religiosas. “Nunca desistiremos das liberdades que lutamos para conquistar”, afirmou.
O líder do Qatar também sinalizou diferenças com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, pedindo uma minicúpula árabe para resolver as diferenças entre os grupos palestinos Hamas e Fatah, de Abbas. O Qatar apoia o Hamas. Em seu próprio discurso horas depois, Abbas esnobou o pedido. Ele elogiou a Arábia Saudita pelo que chamou de generosa ajuda financeira aos palestinos e não mencionou a proposta de Tamim de estabelecer um fundo de US$ 1 bilhão para ajudar os residentes árabes de Jerusalém Oriental. Fonte: Associated Press.