Líderes estudantis e autoridades de Hong Kong se reuniram nesta terça-feira (21) pela primeira vez após quatro semanas de protesto no centro financeiro da cidade. Apesar da reabertura do diálogo, o encontro segue sem grandes avanços, com o governo local, apoiado por Pequim, reafirmando que não irá ceder às principais demandas dos ativistas.
O chefe-executivo Leung Chun-ying disse a repórteres que não permitirá que a população nomeie os candidatos para as eleições diretas de 2017. Apesar disso, afirmou que há espaço para discutir a composição do comitê de 1,2 mil pessoas que irá avaliar os inscritos. “Há espaço para tornar o comitê mais democrático e isso é uma das coisas que queremos muito conversar não só com os estudantes, mas com a comunidade como um todo”.
Leung também criticou a desorganização dos estudantes, citando que isso é um entrave para o fim dos protestos. “Não há consenso por parte dos manifestantes sobre o que os fará sair das ruas”, disse. Ele também disse que a decisão do governo de limpar as ruas e encerrar os protestos dependerá da situação nos protestos e se continuarem os embates com a polícia.
O encontro com os políticos da província semiautônoma nesta terça-feira foi televisionado. Em suas considerações iniciais, o líder estudantil Alex Chow disse que a decisão do governo chinês de descartar as chamadas nomeações civis “emasculou” Hong Kong, insinuando que a cidade perdeu o poder de decidir de modo direto quem será seu representante.
“Não queremos uma unção”, disse Chow, que é secretário-geral da Federação de Estudantes de Hong Kong, um dos três grupos que lideram os protestos.
As autoridades, por sua vez, se mantiveram fiéis à posição de que a Lei Básica de Hong Kong não pode ser alterada para se acomodar às demandas dos manifestantes. “Esperamos que vocês entendam que existem muitas pessoas que não estão em Mong Kok, nem em Admiralty. Muitas pessoas em casa não estão insistindo em uma nomeação civil”, afirmou o secretário de Justiça Rimsky Yuen.
Pessoas reunidas nas três maiores zonas de protestos assistiram ao encontro em telões, comemorando com frequência a cada comentário feito por líderes estudantis. Mas poucos tinham grandes esperanças de que a conversa colocaria fim ao impasse de quatro semanas. “Acho que todos nós sabemos que não vamos realmente chegar a resultados concretos”, disse a manifestante Vee Chow. “Mas ao menos um diálogo aberto pode dizer a todos porque estamos aqui”. Fonte: Associated Press.