Líder uigur denuncia que desapareceram 10 mil na China

A ativista uigur Rabiya Kadeer, que vive no exílio nos Estados Unidos, denunciou hoje o desaparecimento de 10 mil manifestantes iugures na China e exigiu que Pequim permita a realização de uma investigação internacional sobre o assunto. Rabiya é acusada pela China de instigar os protestos na etnia uigur que resultaram na morte de ao menos 197 pessoas no dia 5 de julho na região de Xinjiang, no oeste do país. A minoria muçulmana uigur entrou em confronto com integrantes da maioria han, no pior conflito étnico ocorrido na China em décadas.

Rabiya, que é presidente do grupo pró-independência Congresso Mundial Uigur, contestou os dados oficiais chineses segundo os quais a maioria dos 197 mortos e mais de 1.700 feridos nos confrontos na cidade de Urumqi eram a etnia Han. “Cerca de 10 mil pessoas desapareceram durante a noite de Urumqi. Para onde eles foram? Eles foram mortos ou enviados para algum lugar?”, questionou Rabiya, irritada, durante coletiva de imprensa no Clube Nacional de Imprensa em Tóquio, no Japão. “O governo chinês deveria divulgar tudo o que fizeram com eles.”

Rabiya não explicou como chegou ao número de desaparecidos, mas muitas pessoas da etnia uigur disseram que suas famílias foram levadas depois dos confrontos. A agência de notícias estatal chinesa informou hoje que as autoridades detiveram 253 suspeitos de envolvimento nos confrontos, além dos 1.400 presos anteriormente. A maioria dos novos detidos foi denunciada por moradores locais, informou a agência de notícias Xinhua, citando a polícia de Urumqi.

Rabiya, de 62 anos, que chegou ontem ao Japão, disse que estava “desapontada” em ver países, dentre eles os EUA, permanecerem silenciosos a respeito dos confrontos. “Nós queremos que a comunidade internacional, as Nações Unidas, enviem um grupo independente de investigação”, afirmou. A visita de Rabiya ao Japão provocou protestos do governo chinês, que hoje chamou o embaixador japonês ao Ministério de Relações Exteriores para expressar sua “profunda insatisfação”.

Austrália

A China também reclamou com o governo da Austrália por causa da visita que Rabiya fará a Melbourne. Ela vai participar do Festival de Cinema Internacional da cidade no dia 8 de agosto, quando estará presente no lançamento de um filme sobre sua vida chamado “Dez Condições de Amor”. Ela deve chegar à Austrália na quarta-feira da semana que vem e fazer um discurso que será transmitido em cadeia nacional de televisão no dia 11 de agosto, antes de voltar para Washington.

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