Líder sem-terra paraguaio exige reforma agrária imediata

Após o anúncio do governo do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, de que é impossível implementar soluções imediatas aos pedidos e reclamações dos camponeses sem-terra do país, um dos líderes mais influentes do movimento, Belarmino Balbuena, advertiu nesta terça-feira (19): “Ou o governo de Lugo nos dá as terras ou tomaremos medidas de força como mobilizações maciças, bloqueios de rodovias e ocupações de propriedades nas mãos dos capatazes”. Ele afirmou que o governo paraguaio tem dinheiro comprar as propriedades reivindicadas pelos sem-terra.

Balbuena respondeu as declarações do chefe do gabinete de governo, Miguel López, que na noite de ontem afirmou que a situação das 300 mil famílias camponesas sem-terra no país “é um assunto complexo”. “Não existe uma solução imediata, nem em um semana, nem em seis meses, porque não se trata apenas de entregar as terras aos camponeses. Se fosse apenas isso, hoje não haveria nenhum problema. Durante governos anteriores no Paraguai, foram dadas propriedades a muitos sem-terra, mas esses compatriotas venderam as fazendas”, disse López.

As declarações de López contrastam com a promessa de Lugo, ao assumir o cargo na sexta-feira, de que se dedicaria à reforma agrária logo após assumir a presidência. Balbuena, um dos líderes mais influentes da Mesa Coordenadora de Organizações camponesas (MCNOC), de esquerda, disse considerar a solução fácil. “Lugo tem apenas que reduzir os gastos da burocracia. O orçamento do Estado paraguaio é muito grande (US$ 5 bilhões para 2008) e a maioria desse dinheiro se destina ao salário de funcionários que não são necessários, para comprar automóveis oficiais, combustíveis, etc.

O líder sem-terra disse que o movimento não confia no Parlamento paraguaio, mas no presidente Lugo. “Sabemos que o Congresso é dominado pelos mesmos conservadores de sempre, como os deputados e senadores dos partidos Liberal, Colorado e Unace. Infelizmente não temos legisladores progressistas”, disse. Segundo ele, a MCNOC está ligada a uma coalizão de organizações sociais e sindicais no Paraguai, chamada Frente Social e Popular, que “está alerta e vigia os movimentos desse novo governo”. “Queremos ver sinais de solução”, afirmou.

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