Líder opositor no Zimbábue refugia-se em embaixada

O líder opositor no Zimbábue, Morgan Tsvangirai, está refugiado na Embaixada da Holanda em Harare desde que anunciou, no domingo (22), que abandonaria a disputa presidencial de sexta-feira. O Ministério das Relações Exteriores holandês afirmou que Tsvangirai ainda não pediu asilo político, mas disse que ele é bem-vindo para ficar o quanto quiser. "Ele pediu para ficar porque estava preocupado com sua segurança", afirmou o porta-voz holandês, Rob Dekker. "É nossa obrigação dar assistência a Tsvangirai", disse o chanceler holandês, Maxime Vergahen.

No domingo, Tsvangirai retirou-se do segundo turno das eleições presidenciais porque, segundo ele, seus partidários estariam arriscando suas vidas ao votar no dia 27. O opositor Movimento pela Mudança Democrática (MMD) afirma que mais de 90 de seus membros foram mortos desde o primeiro turno das eleições, em 29 de março. Organizações de direitos humanos culpam o presidente Robert Mugabe – no poder desde 1980 – pela onda de violência que toma conta do país. Ele também é acusado de perpetrar uma campanha para acabar com a rede de apoio de Tsvangirai no Zimbábue. Mugabe nega as acusações, mas, na semana passada, afirmou que o país "jamais" seria governado pela oposição. Tsvangirai disse que está disposto a negociar com Mugabe uma solução para a crise do país se ele se comprometer a dar um fim à violência no Zimbábue.

O líder opositor pediu nesta segunda-feira (23) à comunidade internacional que declare as eleições em seu país "nulas" e exija a organização de uma nova votação. Tsvangirai pediu também garantias de que um novo governo fosse legitimado. "Pedimos também que a comunidade internacional, dirigida pela União Africana e apoiada pela ONU, alcance uma forma de acordo negociado que permita uma boa transição e supervisione sua concretização", afirmou o opositor. O governo, porém, afirmou que "é tarde demais" para cancelar a votação de sexta-feira. Apesar de ter se retirado da disputa, o nome de Tsvangirai continuará nas cédulas – medida vista por analistas como uma forma de desmoralizar a oposição.

Nesta segunda-feira, a polícia invadiu a sede do MMD em Harare sob alegação de que estava investigando a violência política no país. De acordo com o porta-voz da polícia Wayne Bvudzijena, 39 partidários de Tsvangirai foram presos e levados para um "centro de reabilitação" para serem interrogados. Nelson Chamisa, porta-voz da oposição, afirmou que 60 pessoas foram presas – na maioria mulheres e crianças que se refugiaram no local para se protegerem da violência. Chamisa disse que a polícia também levou computadores e móveis da sede do partido.

Governos do mundo todo repudiaram a situação no Zimbábue. A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, afirmou que o resultado da votação de sexta-feira não legitimaria Mugabe no poder. "Ao renunciar aos mais básicos princípios da governança, a proteção de seu povo, o governo do Zimbábue tem de ser responsabilizado pela comunidade internacional", afirmou. O governo holandês – o maior doador de auxílio ao Zimbábue – também pediu para que a ONU, a União Européia e Estados vizinhos discutam novas estratégias contra o país.

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