O líder opositor paquistanês Imran Khan suspendeu as negociações com o governo nesta quinta-feira. A decisão foi tomada depois de a administração federal ter nomeado um novo chefe de polícia para a capital, em antecipação a uma possível repressão aos milhares de manifestantes contrários ao governo, que cercam o prédio do Parlamento.

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Khan, estrela do críquete de decidiu se dedicar à política, e o clérigo Tahir-ul-Qadri lideram enormes protestos que partiram da cidade de Lahore, no leste do país, até os portões do Parlamento, na capital Islamabad, para exigir a renúncia do primeiro-ministro Nawaz Sharif, acusando-o de fraude eleitoral nas eleições que o levaram ao poder no ano passado.

Os protestos, até o momento pacíficos, elevaram os temores sobre a possibilidade de tumultos no país, que é aliado dos Estados Unidos e tem longo histórico de turbulências políticas. O poderoso Exército paquistanês pediu ao governo que convocasse as negociações com representantes de Khan e de Qadri na manhã desta terça-feira.

Shah Mahmood Qureshi, graduado líder do partido de Khan, disse aos jornalistas que a oposição apresentou seis exigências: a renúncia de Sharif, reformas eleitorais, o estabelecimento de um governo interino, a remoção das principais autoridades eleitorais e a responsabilização das pessoas que comprovadamente estiveram envolvidas nas fraudes eleitorais da eleição do ano passado, que marcou a primeira transferência de poder democrática no Paquistão, que tem uma longa história de golpes e ditaduras. É improvável que Sharif ceda às exigências, considerada ilegais pelo governo.

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Mais tarde, nesta quinta-feira, Khan disse a seus partidários que o governo havia removido o chefe de polícia de Islamabad porque ele não usou a força contra o líder opositor e advertiu que o novo titular do cargo, Khalid Khattak, seguirá ordens para dispersar os protestos, que até agora têm sido pacíficos.

“Eu suspendi as conversações com o governo”, afirmou Khan. Ele advertiu que seus partidários invadirão o escritório do primeiro-ministro se as autoridades adotarem medidas de repressão contra os manifestantes. Não estava claro se Qadri também havia se retirado das negociações.

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O governo nega ter planos para confrontar os manifestantes. “Nós queremos levar adiante as conversações para resolver a questão”, declarou o ministro da Informação, Pervaiz Rashid.

O ministro do Planejamento, Ahsan Iqbal, disse que negociadores do governo realizaram conversações iniciais com o partido de Khan, o Tehrik-e-Insaf (Movimento paquistanês pela Justiça), o terceiro maior do Legislativo, durante a madrugada desta quinta-feira. “Mais uma vez, formos hoje ao local combinado para mais conversações, mas o grupo de Imran Khan não apareceu”, afirmou ele. O ministro acrescentou que o governo que encontrar uma solução que beneficie todos os lados. Fonte: Associated Press.