Líder iemenita tentar angariar apoio para voltar à presidência

O presidente do Iêmen, Abed Rabbo Mansour Hadi, que foi forçado a renunciar ao cargo em janeiro, está organizando uma tentativa de retomar o poder. Sua expectativa é capitalizar a raiva da população com a tomada do governo pelos rebeldes xiitas houthis.

Hadi foi colocado em prisão domiciliar na capital, Sanaa, depois de os rebeldes terem tomado o palácio presidencial e de ele ter apresentado sua renúncia, em 22 de janeiro.

No último final de semana, porém, Hadi fugiu para a cidade de Áden, no sul do país, e afirmou que ainda é o legítimo presidente do Iêmen, lembrando que o Parlamento não ratificou sua renúncia.

Desde então o presidente, que é sunita, tem se reunido com representantes de partidos políticos e de tribos do sul do país em busca de apoio para uma volta, segundo seus auxiliares. Ele também pode contar com o apoio de monarquias sunitas da região, lideradas pela Arábia Saudita.

No dia 15 de fevereiro, o Conselho de Cooperação do Golfo, composto por seis países, acusou os insurgentes houthis de realizarem um golpe e afirmou que “tomará medidas” para proteger seus interesses vitais, a menos que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprove uma resolução autorizando o uso da força militar para removê-los do poder.

Hasan Zaid, graduado político houthi, advertiu nesta terça-feira que as ações de Hadi estão levando o Iêmen na direção de um derramamento de sangue. “Se Hadi insistir em criar seu próprio governo e força no sul, isso significa que ele está seguindo uma agenda estrangeira para levar o Iêmen à guerra civil”, declarou Zaid. “Hadi deve entender que ele não está apto a liderar o Iêmen e deve aceitar o fato de que renunciou ao cargo de presidente e nunca voltará a ele.”

Também nesta terça-feira, a agência de notícias Saba, controlada pelos rebeldes, informou que Hadi é “procurado pela Justiça”, por prejudicar os interesses nacionais com atividades “suspeitas”, que têm sido monitoradas pelo Comitê Revolucionário rebelde.

O grupo afirma que suas “ações imprudentes e erráticas prejudicaram o povo iemenita, sua vida, segurança, estabilidade, a economia” e pede à comunidade mundial que o considere um fugitivo da Justiça.

A tentativa de Hadi de retomar o poder deve agravar as antigas tensões entre norte e sul do país, localizado na Península Árabe, onde os Estados Unidos realizam uma intensa campanha de ataques com aviões teleguiados (drones) contra grupos afiliados da Al-Qaeda.

A principal base de apoio político de Hadi está no sul. Ele é da região costeira de Abyan e ocupou vários postos militares no Iêmen do Sul, antes de o país se unir ao Iêmen do Norte em 1990 para formar a República do Iêmen.

Os houthis, um movimento que representa os seguidores do ramo zaid do xiismo, é proveniente principalmente do norte do Iêmen. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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