O presidente do Timor Leste, José Manuel Ramos-Horta, se ofereceu neste sábado para mediar a crise na Guiné-Bissau, após soldados prenderem o primeiro-ministro deste pequeno país no oeste da África. Enquanto isso, o ministro de Defesa de Portugal, ex-metrópole colonial da Guiné-Bissau, disse que forças de segurança estão preparadas para tirar os cidadãos portugueses do país.

continua após a publicidade

“A situação na Guiné-Bissau, que eu tenho acompanhado nos últimos anos, é extraordinariamente complexa e perigosa, porque pode se deteriorar para mais violência, e o país não está em condições de permitir esse novo retrocesso no processo de paz e democratização”, comentou Ramos-Horta em entrevista para a agência portuguesa de notícias Lusa.

Ontem, um porta-voz do Exército da Guiné-Bissau confirmou que soldados prenderam o primeiro-ministro do país, Carlos Gomes Jr. No dia 29 deste mês aconteceria o segundo turno das eleições presidenciais, e Gomes estava liderando as pesquisas. Nos últimos 40 anos, nenhum líder conseguiu completar seu mandato na Guiné-Bissau.

O ministro da Defesa de Portugal, José Aguiar Branco, disse hoje que suas forças estão preparadas para tirar cidadãos portugueses do país africano. “É nossa responsabilidade e nosso trabalho garantir uma preparação adequada no caso de ser necessário tirar portugueses da Guiné-Bissau”, comentou, acrescentando que a situação está sendo acompanhada de perto.

continua após a publicidade

Os recentes eventos no país geraram críticas da comunidade internacional, incluindo por parte da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Ecowas, na sigla em inglês) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, disse que o país “pede que todas as partes deponham suas armas, libertem os líderes do governo imediatamente e restaurem a legítima liderança civil”.

“Nós condenamos fortemente a tentativa de certos elementos do Exército de obter o poder forçadamente e destruir a legítima liderança civil da Guiné-Bissau”, afirmou Toner. “Nós lamentamos que eles tenham escolhido interromper o processo democrático, que já estava sendo ameaçado pela tentativa da oposição de boicotar o segundo turno das eleições”, complementou.

continua após a publicidade

Ontem, os ministros da Ecowas concordaram em enviar um contingente militar para a Guiné-Bissau, para ajudar na segurança. O grupo também concordou em enviar uma delegação civil-militar, liderada pelo presidente da Guiné (país vizinho), Alpha Condé.

Hoje, a agência Lusa informou que um popular jornalista da Guiné-Bissau foi preso e libertado em seguida. Antônio Ali Silva, autor de um blog famoso no país, disse que ficou sob custódia por algumas horas e depois foi libertado juntamente com a cantora Dulce Neves e vários seguranças do primeiro-ministro Gomes. As informações são da Associated Press.