O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, acusou hoje a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) de se dobrar à pressão das maiores potências do mundo.
“Um dos defeitos da AIEA é que ela muda de posição e de atitudes se é colocada sob certa pressão política”, disse Larijani quando perguntado sobre o relatório da agência segundo o qual o Irã pode estar buscando a construção de uma bomba nuclear.
“Eu acho que a AIEA deveria ser uma organização que estabelece suas visões com base em fatos concretos, mas não deveria fazer comentários como ‘há uma possibilidade'”, disse Larijani aos jornalistas durante sua visita a Tóquio.
O novo diretor da AIEA, Yukiya Amano, expressou preocupação, num primeiro relatório ao conselho diretor na semana passada, de que o Irã pode estar buscando o desenvolvimento de uma ogiva nuclear como suspeitam os Estados Unidos e as nações europeias.
O relatório diz que “a informação disponível à agência eleva as preocupações sobre a possível existência no Irã de atividades não relevadas, no passado ou atualmente, relacionadas ao desenvolvimento de uma carga nuclear para um míssil”.
Larijani disse que a AIEA “desempenha de forma precária seu papel de apoiar os países que desejam obter capacidade nuclear com objetivos pacíficos, por causa da influência política dos grandes poderes”.
Ele também reiterou que o Japão havia feito uma oferta para enriquecer urânio para Teerã para permitir que o país tenha acesso à energia nuclear para propósitos pacíficos.
“Eu não sei se vocês leram a oferta japonesa, mas várias propostas são feitas (no documento)”, disse ele. “Nós saudamos este tipo de iniciativa”.
O jornal econômico japonês Nikkei publicou nesta semana que a oferta foi feita, com apoio dos Estados Unidos, em dezembro, durante a visita a Tóquio do principal negociador nuclear do Irã, Saeed Jalili.
O ministro de Relações Exteriores Katsuya Okada negou nesta sexta-feira, em breves comentários, que o Japão tenha feito uma oferta formal e disse aos repórteres que “não estou ciente dos relatos segundo os quais o Japão faria processamento nuclear”.
No sábado, Larijani deve visitar a cidade japonesa de Nagasaki, no oeste do país, atingida por uma bomba atômica norte-americana no final da Segunda Guerra Mundial, três dias depois de um outro ataque nuclear ter devastado Hiroshima. As informações são da Dow Jones.