Líbios em greve contra alta violência de milícias

Moradores da capital líbia, Trípoli, iniciaram neste domingo uma greve de três dias em protesto contra a violência das milícias, que mataram quase 50 pessoas no fim de semana.

Exceto pelas áreas onde havia protestos, as ruas de Trípoli estavam desertas e a maioria das empresas e das escolas da cidade não abriu as portas, apesar de hoje ser um dia útil na Líbia.

Padarias, farmácias, hospitais e postos de combustíveis permaneceram abertos. Al-Sadat al-Badri, presidente da Câmara dos Vereadores de Trípoli, disse que a greve deve durar três dias.

Moradores armados montaram postos de controle em toda a cidade para proteger seus bairros, temendo uma nova onda de violência.

 

Entre os diversos protestos realizados hoje, um grupo seguiu até a sede do Parlamento para exigir uma ação dos parlamentares contra os bandos armados espalhados pela Líbia.

 

Os moradores exigem a desmobilização das milícias. A agência de notícias estatal líbia LANA informou que a milícia de Misurata acusada de ser responsável pela morte de 43 pessoas em um protesto na sexta-feira abandonou sua sede no bairro de Gharghour, zona sul de Trípoli.

Nos incidentes de sexta-feira, milhares de líbios saíram às ruas de Trípoli para um protesto pacífico contra a violência das milícias, mas os milicianos abriram fogo contra os manifestantes. Testemunhas asseguram que os manifestantes estavam desarmados e foram massacrados pelos milicianos. Pelo menos 43 pessoas morreram. Mais quatro pessoas morreram ontem, quando outra milícia local tentou tomar uma base militar na capital.

Na tarde de ontem, a milícia pró-governo Comando Central de Proteção da Líbia informou ter assumido o controle de Gharghour. Em comunicado lido durante transmissão de televisão, a milícia declarou a área como uma zona militar e prometeu entregá-la ao governo. A maioria dos membros dessa milícia também é de Misurata.

 

Desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em 2011, centenas de milícias – muitas na folha de pagamento do governo – espalharam-se por toda a Líbia, disputando zonas de poder, desafiando a autoridade do Estado e realizando ataques violentos. O governo tentou incorporá-las às forças de polícia e do exército, mas não obteve sucesso.

Em outro sinal da crise que assola o país, uma fonte no governo informou que Mustafa Nouh, um assessor do chefe de espionagem do país, foi sequestrado quando se dirigia ao aeroporto. Fonte: Associated Press.

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