Alguns momentos antes de as bombas começarem a atingir os alvos no centro de Bagdá, no dia 20 último, e enquanto os marines iniciavam a invasão do Iraque a partir do Kuwait, o secretário de Defesa dos Estados Unidos manteve um encontro com os jornalistas americanos para falar sobre o assunto.
Guerra é notícia e, por tradição, nos EUA, a imprensa tem sempre acompanhado de perto os conflitos.
O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, deu as informações possíveis e formulou uma queixa: fatos de natureza sigilosa estavam sendo publicados pelos jornais e isso traz sérios prejuízos ao país.
Mas a queixa de Rumsfeld não foi contra os jornais. O direito de publicar dos jornais está fora de questão.
O que o secretário de Defesa dos Estados Unidos reclamou foi que auxiliares seus, gente que trabalha com ele no Pentágono, estavam fazendo informações secretas chegarem aos jornais.
Não. Na imprensa americana os jornalistas não compram notícias. Portanto está descartada a hipótese de que algum funcionário do Departamento de Estado tenha negociado qualquer informação com jornalistas.
A propósito, quando os jornais americanos começaram a divulgar os documentos do Pentágono sobre a Guerra do Vietnã, e o governo ingressou na Justiça para tentar impedir a divulgação, pedindo o direito de censurar em nome da segurança dos soldados americanos envolvidos no conflito, a Suprema Corte negou o pedido e na sua sentença assinalou o levantamento de uma verdadeira bandeira em favor da liberdade de expressão, ao dizer que “o governo não pode censurar a imprensa, ao contrário, é a imprensa que tem o direito de censurar o governo, pois a liberdade existe precisamente para que o povo possa ser informado sobre o comportamento daqueles que foram escolhidos para a administração pública”. Em tempo de paz ou de guerra.