O Líbano começou nesta segunda-feira a limitar o fluxo de sírios que entram no país, colocando em prática restrições sem precedentes ao ingresso dessas pessoas, na medida em que o país luta para lidar com o grande número de sírios que pedem asilo por causa da guerra civil.

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A guerra civil na Síria provocou o deslocamento de quase metade de sua população. Mais de três milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, principalmente para o Líbano, Turquia, Jordânia e Iraque.

O Líbano é particularmente vulnerável. Para um pequeno país de 4,5 milhões de habitantes, o fluxo de refugiados sírios representa uma enorme pressão sobre sua economia, seus recursos naturais, infraestrutura e ao delicado equilíbrio sectário libanês.

Autoridades libanesas dizem que simplesmente não podem receber mais refugiados. Elas estimam de existam mais de 1,5 milhão de sírios no Líbano, cerca de um quarto de população libanesa. Desses, cerca de 1,1 milhão está registrado na agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), a Acnur.

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“Não temos mais capacidade para receber mais desalojados”, declarou o ministro do Interior Nohad Machnouk em coletiva de imprensa transmitida pela televisão local.

As mudanças, que passaram a valer nesta segunda-feira, estabelecem novas categorias para a concessão de vistos de entrada para turistas, empresários, estudantes e pessoas que buscam tratamento médico provenientes da Síria, além de limitar o período de tempo que elas podem permanecer em território libanês. As novas restrições foram anunciadas na semana passada pelo site da Direção Nacional de Segurança.

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Durante décadas, os sírios receberam vistos que os permitiam permanecer no país por seis meses, mas muitos simplesmente cruzavam a fronteira, sem qualquer documentação registrando a entrada.

Mas depois de o levante na Síria, quatro anos atrás, ter se transformado numa guerra civil, centenas de milhares de pessoas entraram no Líbano, com forte impacto sobre o fornecimento e água e eletricidade no país, elevou o valor dos aluguéis e deprimiu a economia local.

Acampamentos surgiram em áreas rurais, transformadas em favelas lamacentas, miseráveis e congeladas no inverno. A opinião pública se virou contra os sírios, que muitos veem como uma ameaça à soberania do Líbano, há muito tempo dominada pelo país vizinho.

A publicação das restrições acontece meses depois de autoridades de fronteira libanesas terem começado, informalmente, a restringir a entrada de sírios. A medida, adotada em outubro, já havia provocado uma queda de 50% no número de pessoas que busca se registrar na agência de refugiados da ONU no Líbano. Fonte: Associated Press.