Lei impede banqueiros de controlar mídia na Venezuela

Os parlamentares venezuelanos aprovaram hoje uma lei para impedir os donos de bancos de também controlarem grandes fatias em companhias da mídia. Os críticos condenam o projeto, argumentado que ele tem como meta enfraquecer os grupos empresariais contrários ao presidente Hugo Chávez.

Com a aprovação da lei pela Assembleia Nacional, controlada pelos chavistas, ela passará a valer assim que o presidente assiná-la. A administração Chávez solicitou a aprovação da medida recentemente, após acusações de que o banqueiro Nelson Mezerhane, um dos principais acionistas da emissora Globovisión, estava usando sua influência na mídia para atrair clientes para seu banco e então roubar seus depósitos. A Globovisión faz oposição ao governo.

Funcionários do governo afirmam que Mezerhane, que nega as acusações, veiculou anúncios de televisão promovendo sua instituição, o Banco Federal, retratando-a como segura e sólida, mesmo quando ela estava supostamente com problemas sérios de liquidez.

O governo tomou o controle do Banco Federal. Foi emitido um mandado de prisão contra Mezerhane, que estaria vivendo nos Estados Unidos. Em entrevistas à imprensa, o banqueiro disse que não pretende voltar para Venezuela tão cedo.

A Globovision é a única importante emissora de televisão na Venezuela que permanece crítica ao governo Chávez, que comanda o país desde 1999. Ao estatizar o banco de Mezerhane e assumir o controle da parcela de 26% dele na Globovisión, a oposição acusa Chávez de preparar uma eventual tomada completa da Globovisión.

Fotos

Em outro capítulo das divergências das autoridades da Venezuela com a imprensa, um tribunal de Caracas proibiu esta semana os jornais do país de publicarem imagens violentas durante um mês. A decisão foi motivada por uma foto de um necrotério veiculada pelo jornal “El Nacional” em sua capa, na sexta-feira passada. Em protesto, o diário trouxe ontem espaços para fotos em branco, com a palavra “censurado” escrita no lugar das imagens.

A decisão contra os jornais foi tomada pouco mais de um mês antes das eleições legislativas na Venezuela, marcadas para 26 de setembro. A violência é apontada como um dos principais problemas do país pelos venezuelanos, mas o governo acusa a mídia de promover um clima de medo com uma cobertura sensacionalista. As informações são da Dow Jones.