A Corte Constitucional da Turquia, o mais importante tribunal do país, se reuniu hoje para dar início aos debates sobre a possibilidade de banimento do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP na sigla em turco), o popular partido governista. A legenda é acusada de ter como objetivo levar a nação secular rumo ao domínio do Islã. O procurador-chefe da Turquia pediu em março à Corte Constitucional que banisse o partido do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

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Também foi pedido o afastamento do premiê e de outros 70 políticos por cinco anos. O presidente turco Abdullah Gul, do AKP, também está na lista montada pelo procurador-chefe. O caso mostra a profundidade das divisões entre os círculos seculares da Turquia, muito ativos no judiciário e nas forças militares – e o partido governista, com integrantes que são muçulmanos devotos, ligados ao movimento islâmico do país.

Os juízes começaram a analisar o caso um dia após a explosão de duas bombas em uma praça lotada em Istambul ter matado 17 pessoas e ferido mais de 150. Foi o mais mortífero ataque terrorista na Turquia em cinco anos. O desfecho da disputa política afetará tanto o ambiente político quanto o econômico da Turquia: declarar ilegal o partido governista poderá provocar a antecipação das eleições parlamentares e levará mais turbulências aos mercados financeiros. A decisão também poderá afetar as relações da Turquia com a União Européia, bloco ao qual o país planeja aderir.

Erdogan é um defensor da entrada da Turquia no bloco, uma posição que, segundo ele, prova que o AKP não tem uma agenda islâmica. A Corte Constitucional, no entanto, já colocou na ilegalidade duas dezenas de partidos políticos desde que foi estabelecida em 1963.

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