Um grupo de 20 acadêmicos de universidades dos Estados Unidos divulgou um comunicado rechaçando as afirmações da Interpol sobre os computadores que pertenceriam a Raúl Reyes, líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) morto em um ataque colombiano no Equador em março passado.
Para os acadêmicos, o episódio dos computadores foi usado politicamente para "abafar" a invasão territorial da Colômbia ao Equador.
"A Interpol politizou esse conflito e precisa de toda autoridade para falar desses arquivos e portanto suas declarações não deveriam ser levadas em conta pela imprensa", disse hoje Forrest Hylton, doutor em história da Universidade de Nova York.
Para Hylton, o comunicado da Interpol "busca criar uma matriz de opinião pública para justificar a invasão da Colômbia ao Equador".
Nesse sentido, o acadêmico advertiu que o ataque de 1º de março "é o primeiro ensaio da guerra preventiva no hemisfério ocidental" por parte dos Estados Unidos.
Três dos acadêmicos entraram em contato com o presidente do Equador, Rafael Correa, e chegaram hoje a Quito, onde irão expor seus pontos de vista em conferências.
Alfredo Vera, secretário anticorrupção do Equador, disse que a declaração dos acadêmicos ajuda a "contra-atacar os efeitos nocivos da campanha midiática instrumentada pelo governo dos Estados Unidos e da Colômbia" para vincular o governo do Equador às Farc.
Já o acadêmico Miguel Tinker Salas disse que o comunicado da Interpol não tem "nenhuma validade legal", já que "eles mesmo dizem que não podem verificar se esses documentos foram alterados ou não".
Para a acadêmica Lina Brito, difundir o comunicado da Interpol e vincular o governo do Equador às Farc é "fortalecer a guerra midiática para espalhar incertezas e colocar uma cortina de fumaça no fato de que a Colômbia violou a soberania do Equador".
Segundo Lina, tal campanha busca também "desviar a atenção dos problemas internos que o governo de Uribe enfrenta".