O ex-presidente Néstor Kirchner defendeu ontem a compra de US$ 2 milhões antes da valorização da moeda. Em e-mail enviado a um dos jornalistas mais famosos de Buenos Aires, o uruguaio Victor Hugo Morales, Kirchner explicou que adquiriu a quantia em moeda norte-americana para comprar ações da companhia Hotesur S.A., proprietária do Hotel Altos Calafate. Segundo ele, o dinheiro foi usado para a compra das ações e não houve “benefícios cambiais”.
A divulgação da compra de US$ 2 milhões, feita no fim de semana pelos jornais Perfil e Clarín causou novas turbulências políticas em Buenos Aires. A compra de divisas, até o montante adquirido por Kirchner, não é ilegal – sempre que for declarada. Mas foi considerada antiética por líderes da oposição.
Os aliados de Kirchner não encontravam argumentos para defender a decisão do ex-presidente – que se apresenta como um defensor da causa “nacional e popular” – de preferir investir na moeda norte-americana e não na moeda nacional. Na ocasião da compra dos US$ 2 milhões, em outubro de 2008, o dólar era cotado a 3,15 pesos em Buenos Aires. No final do mesmo mês, atingiu 3,40. No ano-novo daquele ano chegou a 3,47. Ontem, o dólar estava cotado em 3,86 pesos e continuava subindo.