O líder da oposição russa e ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov anunciou que não disputará a eleição presidencial em 2 de março, após o Kremlin lhe impor uma série de obstáculos. "Minha campanha eleitoral termina hoje", disse a jornalistas. Segundo o líder oposicionista, seu partido Outra Rússia não conseguiu encontrar um lugar para realizar uma convenção. A lei eleitoral russa exige que candidatos de partidos sem representação parlamentar recebam o apoio de pelo menos 500 pessoas num evento oficial. A data-limite para a realização do evento é até o dia 18. "Em toda cidade de Moscou não encontramos um único lugar onde pudéssemos reunir nossos partidários", acusou Kasparov.
A desistência da eleição presidencial é mais um golpe para o oposicionista, cujo partido também não pôde disputar as eleições legislativas do dia 2. A votação foi vencida pelo Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin. Apenas um grupo de oposição, o Partido Comunista, conseguiu obter votos suficientes para integrar a Câmara Baixa do Parlamento. Impedido de tentar um terceiro mandato, Putin afirmou que pretende continuar influenciando o poder na Rússia. A oposição, no entanto, o acusa de tentar acabar a democracia.
Recentes protestos contra o Kremlin foram reprimidos pela polícia e centenas de manifestantes foram detidos – entre eles Kasparov, que ficou preso por cinco dias. De acordo com o ex-enxadrista, o governo russo aproveita-se também de seu domínio sobre os meios de comunicação para difamar os partidos de oposição. Para ele, as eleições legislativas foram uma farsa. "A Outra Rússia não luta pelo poder, mas sim pela realização de eleições verdadeiras", disse o líder da oposição.
