As potências do Ocidente enviaram pela primeira vez ajuda concreta para os manifestantes no leste da Líbia, na expectativa de depor Muamar Kadafi. Mas o governo líbio reagiu na capital, impedindo hoje uma tentativa de novos protestos, enquanto os moradores de Trípoli relatam a disparada de preços dos alimentos por causa da crise.

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Em Paris, o primeiro-ministro François Fillon disse que a França está enviando dois aviões com ajuda humanitária para a região leste da Líbia. Os aviões deveriam partir “em algumas horas” para Benghazi com médicos, enfermeiras, remédios e equipamentos médicos. “Será o início de uma grande operação de apoio humanitário para as populações dos territórios liberados”, afirmou Fillon, em entrevista à rádio RTL. Ele disse que Paris estava estudando “todas as soluções”, incluindo opções militares, para que “Kadafi entenda que deve ir, deve deixar o poder”.

Os oponentes de Kadafi, incluindo unidades do exército que se uniram aos rebeldes, controlam quase a metade da porção leste do país, muito da infraestrutura de petróleo e algumas cidades no oeste. Kadafi controla Trípoli e cidades vizinhas, apoiado por forças de segurança e milicianos, que geralmente têm armas melhores que as dos militares.

Nas duas cidades controladas pela oposição perto de Trípoli – Zawiya e Misrata -, as forças rebeldes estavam estacionadas, diante de partidários de Kadafi. Em Zawiya, 50 quilômetros a oeste de Trípoli, moradores disseram estar prevendo um possível ataque de tropas favoráveis ao regime para tentar retomar a cidade.

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Em Misrata, terceira maior cidade líbia, 200 quilômetros a leste de Trípoli, houve confrontos durante a madrugada entre forças rebeldes que controlam a cidade e tropas leais a Kadafi, segundo moradores. Cada lado controla uma parte da cidade e nenhum consegue avançar, disseram as testemunhas.

Os opositores de Kadafi querem consolidar os avanços no leste, centrados em Benghazi – segunda maior cidade do país -, onde o levante começou. A oposição é apoiada por várias unidades dos militares no leste do país, que se uniram ao levante.

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Em Trípoli, várias centenas de pessoas começaram uma marcha no distrito de Tajoura, no leste da capital. Após o enterro de uma pessoa morta por disparos na semana passada, as pessoas começaram a marchar e entoar cantos contra o governante, disse uma testemunha. Uma brigada favorável a Kadafi, porém, logo dispersou o ato.

Normalidade

Há tentativas de se restaurar parte da normalidade na capital, segundo moradores. Várias lojas reabriram suas portas e o tráfego aumentou nas ruas. Havia longas filas em bancos de Trípoli, com pessoas querendo receber os US$ 400 prometidos por Kadafi para cada família. Mas os preços dos alimentos dispararam. As padarias estão limitadas a vender cinco pedaços de pão por família e a maioria dos açougues está fechada, relatou uma moradora. Algumas escolas reabriram, mas apenas em meio período e com pouca presença. As informações são da Associated Press.