A junta militar que governa Mianmar (antiga Birmânia) anunciou hoje que as primeiras eleições do país em décadas acontecerão em 7 de novembro, finalmente marcando uma data para o sufrágio que, afirmam os críticos, foi desenhado para reforçar o poder dos militares.
Os governos estrangeiros pressionam Mianmar a garantir que as eleições sejam abertas, justas e livres e incluam o partido da líder pró-democracia Aung San Suu Kyi. O partido dela, contudo, decidiu boicotar as eleições e afirma que a junta impôs regras injustas para a campanha eleitoral, que na prática barram a participação da prêmio Nobel da Paz e de outros presos políticos.
A data marcada para as eleições é outro entrave simbólico para Aung San Suu Kyi – o sufrágio ocorrerá apenas alguns dias antes do final do período de prisão domiciliar da ativista, que deverá acabar em 13 de novembro. “Isso tudo foi orquestrado, é um plano montado com cuidado pela junta para conseguir os resultados que planeja e marginalizar a oposição”, disse Phil Robertson, vice-diretor da divisão asiática da organização Human Rights Watch, de defesa dos Direitos Humanos e com sede nos Estados Unidos.
Segundo ele, o processo eleitoral é “uma transição de um governo militar para um governo civil controlado pelos militares”. O partido de Suu Kyi obteve uma esmagadora vitória nas eleições de 1990, mas a junta recusou-se a aceitar os resultados e manteve a política afastada, em grande parte em prisão domiciliar durante 15 dos últimos 21 anos, ignorando os apelos mundiais pela sua libertação.