Um juiz da Suprema Corte ordenou nesta sexta-feira (13) que a polícia do Zimbábue entregue à Justiça até sábado (14) o líder oposicionista Tendai Biti, preso ontem ao retornar do exterior. Além disso, o magistrado ordenou que a polícia explique o motivo de Biti não ter sido imediatamente liberado, revelou hoje Selby Hwacha, advogado da oposição.
Biti é secretário-geral do Movimento pela Mudança Democrática (MMD), principal partido oposicionista, e foi preso quando voltava ao Zimbábue, vindo da vizinha África do Sul. A polícia se recusa a informar onde ele está ou quando ele será levado à corte, mas afirmou que Biti foi acusado de traição – pode até ser condenado à morte por isso.
Na manhã desta sexta-feira (13), o MMD informou que enviou um grupo de advogados e funcionários humanitários para tentar descobrir o paradeiro de Biti. Também pediu ao governo local que garanta a segurança do número 2 da sigla.
Dentro de duas semanas, o líder do MMD, Morgan Tsvangirai, enfrentará o atual presidente Robert Mugabe no segundo turno das eleições presidenciais. O candidato oposicionista também havia sido preso duas vezes em apenas uma semana, mas já recomeçou sua campanha.
Os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e outras nações demonstraram preocupação com a prisão de Biti e com o risco crescente de que as eleições do dia 27 não sejam um processo justo e livre. No primeiro turno, em 29 de março, Tsvangirai venceu outros três adversários, porém não teve maioria absoluta para levar a disputa no primeiro turno.
Em 2004, Tsvangirai foi inocentado em um julgamento por traição que demorou mais de um ano. Botsuana, colega do Zimbábue na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, também censurou a detenção de Biti. O país condenou as "prisões motivadas politicamente", que solapariam a oportunidade de uma "eleição livre, justa e democrática".
Os Estados Unidos pediram uma ação imediata do Conselho de Segurança da ONU no caso e o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, pediu o fim da violência e da opressão no Zimbábue.
No poder desde a independência do país, em 1980, Mugabe é acusado de nos últimos anos arruinar a economia e de se manter no poder através de fraudes e intimidações.