Jovens italianos afirmam que a máfia é mais forte que o Estado

A máfia é mais forte que o Estado italiano, uma vez que ela sabe se fazer respeitar mais e melhor que as instituições públicas. Essa é a opinião dos estudantes italianos, questionados em um levantamento do Centro de Estudos Pio La Torre, da Sicília.

Em ocasião do aniversário de morte de seu patrono La Torre, secretário do Partido Comunista siciliano assassinado pela máfia Cosa Nostra em 30 de abril de 1982, um questionário foi distribuído entre alunos adolescentes de 47 estabelecimentos de ensino da Sicília, no sul da Itália, para medir "a percepção do fenômeno mafioso por parte dos jovens".

De acordo com os resultados da pesquisa, 50,9% dos entrevistados acreditam que a máfia siciliana é mais forte que o Estado; 20,6% pensam que o poder legal e ilegal são igualmente fortes; e 16,8% afirmam que o mais forte é o poder público.

Essas respostas, por sua vez, vinculam o conceito de força com violência e coerção: mais da metade dos estudantes aponta que a Cosa Nostra é mais forte "porque sabe se fazer respeitar", enquanto 73,9% afirmam que a autoridade dos "capos" se baseia em sua capacidade de amedrontar os demais cidadãos.

"O Estado corre um sério risco de sair perdendo se o terreno no qual ele se enfrenta com a máfia é o da brutalidade, da dominação, da submissão, que na mente dos jovens legitima de algum modo o poder mafioso", aponta o estudo.

O único dado positivo que surge da pesquisa é a existência de um grupo minoritário de jovens (19,6%) que quer ver derrotada a máfia, reivindicando o respeito e a proteção de seus próprios direitos.

Entre os motivos que comprometem a confiança no Estado está a percepção de que os políticos são fracos e impotentes diante da máfia, em oposição a "capos" fortes e competentes. Para 88,6% dos entrevistados, a classe política siciliana está comprometida em um sistema de troca de favores com o poder ilegal.

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