Jovens começam a usar drogas cada vez mais cedo

Arquivo / O Estado

Drogas: maior parte de usuários
está na faixa de 16 anos de idade.

Brasília – Pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), com apoio da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), constatou que os estudantes de escolas públicas estão usando drogas cada vez mais precocemente. Crianças de 10 anos de idade começam a ter contato com as drogas – e o álcool, na maioria das vezes, é a porta de entrada para o vício. O Cebrid é um centro de estudos ligado ao Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Este é o quinto levantamento do Cebrid em escolas de ensino fundamental e médio. O trabalho, intitulado ?Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino?, é de autoria dos pesquisadores José Carlos Galduróz, Ana Regina Noto, Arilton Martins Fonseca e Elisaldo Carlini. Cerca de 50 mil estudantes responderam aos questionários, anonimamente.

A maioria dos usuários está na faixa de 16 anos de idade. Na faixa etária de 10 a 12 anos, 12,7% dos estudantes já usaram algum tipo de droga na vida. Quase a metade dos alunos pesquisados (45,9%) cursa uma série que não é adequada à sua idade. A pesquisa constatou que a defasagem escolar é maior entre os que consomem drogas, quando se compara com o grupo de alunos que não consome.

O total de estudantes que usam drogas, na rede estadual de ensino, é de 22,6%. As substâncias mais procuradas são os solventes, a maconha, os remédios para diminuir a ansiedade (ansiolíticos), os estimulantes (anfetaminas) e os remédios que atuam no sistema nervoso central parassimpático (anticolinérgicos). Entre os meninos, a maconha é a primeira da lista e, entre as meninas, o consumo maior é de estimulantes.

Segundo o secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchôa, os dados serão levados a órgãos governamentais como a Secretaria de Direitos Humanos, o Ministério da Educação e as secretarias estaduais para que se articulem e integrem programas de prevenção e combate ao uso de drogas. ?Esse levantamento é importante porque nos mostra que precisamos atentar mais para a nossa juventude. Os responsáveis pelas políticas públicas específicas têm que trabalhar com os jovens, pais, professores, clubes de serviços e entidades religiosas para ajudar o jovem a dizer não às drogas?, disse.

No ano passado, a Senad implementou um programa de treinamento para professores identificarem as drogas mais usadas pelos estudantes, para orientar as crianças e adolescentes e seus pais e também para ajudar no programa de prevenção de drogas da escola. ?Foi um trabalho muito grande de capacitação de educadores. Vamos prosseguir este ano, capacitando ainda mais professores?, afirmou Uchôa.

Maioria das crianças tomou bebidas alcoólicas

Rio – Quase sete de cada dez crianças do ensino público fundamental e médio já consumiram bebidas alcoólicas, e quase três de cada dez já fumaram cigarros comuns. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). De acordo com o estudo, 67,5% dos estudantes cariocas já consumiram bebidas alcoólicas e 26% já fumaram cigarros comuns. ?O grande problema é a droga lícita. Esse nível (de 67,5%), é muito grande em se tratando de adolescentes?, alerta o coordenador do Setor de Prevenção do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), José Facury.

Os índices de consumo de drogas ilícitas chegam a 6,3% em maconha, 13,6% com solventes e 1,6% com cocaína.

?A droga faz parte da sociedade de consumo, em que a mídia vende tudo. E o jovem foi formado na possibilidade de consumir. Mas por que ele vai comprar somente aquilo que é lícito? Por que ele não vai comprar também o que é ilícito? Então, aquela minoria que é mais afoita e aventureira vai procurar a ilicitude da droga?, disse Facury.

Ele explica que são vários os motivos pelos quais a droga faz sucesso entre os jovens. ?Às vezes, o jovem está inserido em um grupo onde quer mostrar que é macho. Há também aquele espírito aventureiro, quer utilizar as coisas que os outros usam. Além disso, a droga, nos primeiros momentos, dá um prazer, uma possibilidade extensão mental e de voltar-se para dentro de si mesmo.?

De acordo com o especialista, os profissionais de educação devem se destituir de qualquer preconceito com relação às drogas, a fim de que haja um relacionamento melhor com os alunos que são usuários. ?É importante que o professor não deixe o seu preconceito atrapalhá-lo no momento de escutar e de diagnosticar em que grau de uso da droga está esse jovem ou criança, para poder melhor acolhê-la e ajudá-la.?

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo