O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem haver provas de que os jornalistas agredidos por supostos partidários do governo foram os culpados pelo ataque. De acordo com ele, os jornalistas haviam participado como ativistas políticos de um protesto contra uma nova lei de educação para o país. Eles foram agredidos na quinta-feira da semana passada quando entregavam na rua panfletos com advertências contra a nova legislação. Segundo os críticos, a reforma do setor pode levar ao doutrinamento nas escolas.

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“Como se disse, não estavam fazendo trabalho de jornalistas, estavam em uma marcha (…) distribuindo uns folhetos (…) contra a Lei da Educação”, afirmou Chávez, durante entrevista por telefone à estatal Venezolana de Televisión. “E, segundo entendi, e há inclusive provas, provocando a gente do povo que estava por perto.” Chávez afirmou que recomenda às pessoas que não caiam em provocações, mas sim que “denunciem os provocadores”. “Não queremos violência, mas devemos estar preparados para qualquer coisa.”

Fotos do ataque mostraram um grupo de supostos simpatizantes do presidente agredindo os jornalistas com socos e pontapés. As vítimas trabalham na Cadena Capriles, editora proprietária do jornal “Ultimas Noticias”, um dos periódicos de maior circulação do país, com uma linha editorial favorável ao governo.

Protestos

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O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa alertou “a opinião pública sobre a evidente intenção de meios e grupos oficialistas de deformar a realidade dos fatos ocorridos na quinta-feira passada, quando 12 jornalistas ficaram feridos em mãos de exaltados que não ocultaram sua identificação com o chamado ‘processo revolucionário’ do governo”. A entidade afirmou que os jornalistas “não participavam de nenhuma atividade de rua programada nesse dia por algum setor político e institucional e estavam a várias quadras do local onde havia uma marcha de apoio à lei”.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), sediada na França, afirmou em comunicado na segunda-feira que o governo de Chávez “deu mostras reais da luta contra a impunidade nesse assunto”. A entidade se referia à detenção de um funcionário da Fundación Simón Rodríguez, financiada pelo governo, vinculado à agressão. “Não obstante, tememos que em um contexto que segue sendo tão extremado, alimentado por novas legislações controvertidas e recentes fechamentos de meios de comunicação, o governo se veja cada vez mais exaltado por militantes extremistas que se valem dele.”

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