A jornalista Karol Cabrera, vítima de dois atentados em menos de três meses, declarou-se hoje uma “asilada política” e se negou a sair de um hospital militar de Tegucigalpa, capital de Honduras, onde se recupera de ferimentos de bala. “Os médicos me deram alta há 15 dias, logo após me operarem, e decidi ficar neste hospital como asilada política até que saia do país, porque os seguidores do ex-presidente (Manuel) Zelaya me advertiram que me matarão se eu sair”, afirmou. “Daqui ninguém me tirará, só para sair do país”, disse a repórter do canal 11 da televisão local.
Karol pediu ao presidente Porfirio Lobo que a retire de Honduras, “assim como retirou com honras Zelaya”. “Mas o governo não quer me ajudar”, afirmou. “Uma bala me destroçou o osso do braço esquerdo, onde me instalaram sete parafusos e uma platina.” A jornalista não citou nomes dos supostos agressores. Partidários de Zelaya, que foi deposto em um golpe de Estado no dia 28 de junho do ano passado, negaram qualquer ameaça.
Zelaya foi deposto pelos militares por impulsionar uma consulta popular orientada a alterar a Constituição para que ele continuasse no poder. A lei hondurenha proíbe a reeleição presidencial. Ele foi expulso do país, mas retornou em segredo e se abrigou na embaixada brasileira em Tegucigalpa durante quatro meses. Após o golpe, a promotoria hondurenha acusou Zelaya por sete delitos, incluindo corrupção, e os tribunais locais abriram um processo.
No entanto, com um salvo-conduto do presidente eleito após a crise política Porfirio Lobo, Zelaya viajou em janeiro à República Dominicana, onde recebeu tratamento de “hóspede distinto” do presidente dominicano, Leonel Fernández. Lobo assumiu em janeiro para um mandato de quatro anos.