Jornalista de esquerda anuncia candidatura no Egito

O jornalista e político de esquerda Hamdeen Sabahi anunciou neste sábado que vai disputar a eleição presidencial do Egito, que deve acontecer ainda no primeiro semestre deste ano. A expectativa é de que a eleição seja vencida pelo poderoso general Abdel Fatah el-Sissi, atual ministro da Defesa, que ainda não anunciou oficialmente sua candidatura.

O anúncio da candidatura de Sabahi abre uma janela de esperança para a juventude egípcia, desiludida depois de erguer-se contra dois presidentes em apenas dois anos – primeiro contra o general Hosni Mubarak, que governava o país desde 1981, e depois contra o islamita Mohammed Morsi.

“Tomei a decisão pessoal de entrar na batalha presidencial. A revolução precisa chegar ao poder democraticamente e postar-se como uma linha contra o terrorismo”, disse Sabahi durante uma reunião com apoiadores. Ele ficou em terceiro lugar na eleição presidencial de 2012 e tem apoio entre uma variedade de liberais, esquerdistas e secularistas que rejeitam tanto os militares como os islamitas.

El-Sissi liderou o golpe militar que depôs Morsi em julho do ano passado, depois de uma onda de manifestações de rua.

Em entrevistas anteriores na televisão, Sabahi havia dito que só decidiria sobre sua candidatura depois de o general El-Sissi anunciar sua própria. Neste sábado, ele afirmou que será candidato porque os jovens egípcios querem isso.

Fundador do grupo Corrente Popular, Sabahi foi um dos líderes da oposição a Morsi. Seu discurso incluiu declarações que podem ser bem recebidas pelos apoiadores dos militares e de El-Sissi. “Não haverá tolerância com um regime corrupto e seus símbolos, nem a Mubarak, nem com o regime repressivo de Morsi e seu grupo”.

Nos últimos dias da campanha eleitoral de 2012, a popularidade de Sabahi cresceu depois de ele fazer promessas de justiça social semelhantes ao discurso nacionalista e socialista de Gamal Abdel Nasser, que foi presidente do Egito de 1956 a 1970.

O anúncio da candidatura de Sabahi foi feito em meio a uma ofensiva dos militares contra militantes islamitas na península do Sinai e de confrontos frequentes entre a polícia e partidários de Morsi, que promovem manifestações que muitas vezes se tornam violentas.

Neste sábado, o Exército egípcio disse ter matado 16 supostos militantes islamitas em uma série de ataques aéreos no norte da península do Sinai. O porta-voz dos militares, coronel Ahmed Mohammed Ali, afirmou que os militantes têm laços com a Irmandade Muçulmana, a organização à qual Morsi pertencia e que foi colocada na ilegalidade depois do golpe militar.

Em sua página no Facebook, o coronel Ali disse que os ataques aéreos na área da cidade fronteiriça de Sheikh Zuweyid tinham como alvos os esconderijos de “terroristas e takfiri extremamente perigosos” (takfiri é como são chamados os radicais islâmicos. Segundo ele, os militantes atacados têm laços com a Irmandade Muçulmana, que o governo militar qualifica como terrorista. O grupo, que atua na política egípcia desde os anos 1930, nega apoiar o terrorismo. Desde o golpe do ano passado, centenas de militantes da Irmandade foram mortos e milhares estão presos, em sua maioria sob a acusação de incitação à violência.

Cerca de 60 militantes foram mortos em ataques aéreos na região do Sinai desde 24 de janeiro, quando guerrilheiros derrubaram um helicóptero militar naquela área. A responsabilidade pela maioria dos ataques a militares no Sinai é assumida pelo grupo Ansar Beit al-Maqdis (“campeões de Jerusalém”), mas recentemente outro grupo apareceu na região, o Ajnad Misr (“soldados do Egito”).Fonte: Associated Press.

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