O governo do Reino Unido disse nesta quinta-feira, 27, que analisa a possibilidade de se retirar das negociações comerciais com a União Europeia em junho, seis meses antes do prazo preestabelecido. De acordo com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o diálogo será encerrado se não houver um progresso rápido.
A publicação do mandato de negociação britânico confirmou as divergências entre Londres e Bruxelas antes mesmo do início da nova rodada de negociações, prevista para segunda-feira. O diálogo deveria seguir até dezembro. No entanto, Johnson espera que pelo menos as linhas gerais de um acordo sejam traçadas até junho.
A ilha britânica e o continente europeu estão distantes em dois pontos do acordo. Primeiro, o grau de regulação dos mercados. Enquanto os britânicos pretendem manter autonomia para decidir suas regras, os europeus exigem algum tipo de alinhamento com os padrões do bloco. A segunda questão é o papel da Corte Europeia de Justiça. A União Europeia defende alguma influência do órgão, enquanto Johnson quer se ver livre de suas decisões.
De acordo com o governo britânico, caso não ocorram avanços significativos, “o Reino Unido terá de decidir se a atenção deve ser desviada das negociações e estar centrada na continuação dos preparativos para romper bruscamente os laços com a UE no dia 31 de dezembro”.
A exigência dos britânicos ocorre dias depois de a União Europeia alertar que o processo de negociações seria “muito difícil”, com chances de fracassar, caso Londres não garanta a fronteira irlandesa, conforme acordo anterior.
Nova polêmica
Ainda como efeito do Brexit, em período de transição até o dia 31 de dezembro de 2020, o Reino Unido anunciou que deverá abandonar uma ferramenta crucial usada para acelerar a transferência de criminosos através das fronteiras com outros países europeus. O governo declarou que não deverá participar do mandado de captura europeu (MDE) como parte do futuro relacionamento com a União Europeia.
Em um documento que estabelece a abordagem do Reino Unido às negociações com a UE, Londres anunciou: “O acordo deveria prever mandados de extradição rápidos, com base no acordo de rendição da UE com a Noruega e a Islândia, que entrou em vigor em 2019, mas com salvaguardas adicionais apropriadas para indivíduos além daqueles no mandado de captura europeu”. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.