Em um modesto sinal de progresso no complexo nuclear Daiichi, em Fukushima, foi dado início neste sábado a drenagem de poças com elevado nível de radioatividade no prédio da turbina conectado ao reator número 1. Foi iniciada também uma operação para jogar água doce no compartimento de pressão do reator número 2. Ao mesmo tempo, as autoridades verificaram um elevado nível de contaminação na água do mar próximo à usina, mais de mil vezes superior ao permitido.
“Uma bomba foi instalada temporariamente no primeiro piso do prédio da turbina número 1 para drenar poças no piso térreo e estocá-las em um condensador – uma grande jarra de água que normalmente é utilizada para transformar vapor em água após processada na turbina”, disse o porta-voz da Agência Nuclear e de Segurança Industrial do Japão, Hidehiko Nishiyama, em entrevista concedida este sábado.
A agência e a Tokyo Electric Power (Tepco), que administra a usina, estudam meios para drenar poças semelhantes que ficaram nos reatores números 2 e 3, disse Nishiyama. Segundo ele, está sendo também avaliada qual a quantia de água com elevado nível de radioatividade empossada nos reatores.
A mudança de água salgada para água doce para resfriar os reatores, feita há alguns dias, foi necessária para evitar problemas de acúmulo de sal cristalizado nas bombas de transporte de água para resfriamento e sobre a superfície dos vasos dos reatores e das barras de combustível nuclear, o que dificulta o processo de resfriamento, disse a agência.
Paralelamente, foi detectado hoje elevado nível de radiação em uma amostra de água do mar tomada a 330 metros ao sul da usina de Fukushima. Foi identificado uma quantia 1,250 mil vezes superior ao permitido de iodo-131, 117,3 vezes superior ao permitido de césio-134 e 79,6 vezes superior ao permitido de césio-137. A amostra compara-se a uma anterior, em que foi encontrada uma quantidade de iodo 126 vezes superior ao permitido. Uma pessoa que bebesse meio litro da água com a contaminação identificada neste sábado teria consumido um nível de radiação equivalente ao aceitável durante um ano.
O iodo e o césio são subprodutos do processo que produz a eletricidade dentro do reator nuclear. O aparecimento de césio-134 e 137 na água aumenta as preocupações, já que têm uma vida média de dois e 30 anos, respectivamente, contra oito dias do iodo.
Nishiyama disse que o vazamento de material radioativo não causa uma ameaça imediata à saúde humana ou ao meio ambiente, uma vez que pode ser dissipado rapidamente nas marés e ser diluído antes de atingir peixes e algas. “Uma vez que não há atividade pesqueira na área de evacuação, dentro do raio de 20 quilômetros (da usina), não há impacto imediato para as pessoas da região”, disse Nishiyama.
Segundo ele, as autoridades não sabem exatamente o motivo do aumento da poluição nuclear. “Substâncias radioativas podem ter sido transmitidas pelo ar, ou água contaminada pode ter escapado da usina de alguma forma”, disse. As informações são da Dow Jones.