Tóquio

– (Ansa) – Um tribunal de Tóquio admitiu pela primeira vez o assassinato de milhares de chineses com experimentos com armas bacteriológicas pelo Exército Imperial japonês durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de haver negado o pedido de indenização apresentado pelos familiares das vítimas.

O tribunal admitiu que “as provas documentais demonstram os experimentos conduzidos pelo Exército japonês na China e o fato de ter causado morte entre os civis”;

Um grupo de 180 chineses pediu um ressarcimento de 10 milhões de ienes cada um (cerca de US$ 86 mil) para seus familiares assassinados durante a guerra pelas tropas do imperador Hirohito, mas o tribunal disse que não lhes dará “nenhum ressarcimento”. O juiz explicou que as indenizações bélicas não podem ser pagas a cidadãos particulares.

“Apresentaremos um recurso porque fomos derrotados mas resta o fato positivo de um tribunal japonês ter reconhecido finalmente a verdade histórica dos crimes na China”, afirmou o chefe dos advogados do grupo demandante, Koken Tsuchiya.

Trata-se de crimes que ficaram impunes, pois o direito internacional havia proibido, antes do começo da Segunda Guerra, o uso de armas químicas e bacteriológicas. Segundo dados recolhidos recentemente, foi o imperador Hirohito em pessoa que, irritado pelos escassos “progressos” contra os chineses, autorizou seu exército a empregar “todos os meios, incluindo armas químicas e bacteriológicas”.

Centenas de prisioneiros chineses foram vivisseccionados e milhares deles usados para experimentos com armas bacteriológicas pela chamada Unidade 731. Aviões lançaram sobre os prisioneiros germes de peste bubônica e cólera para ver qual era a reação.

Em meados dos anos 90 familiares das vítimas chinesas apresentaram as denúncias em tribunais japoneses, resultando na inédita declaração de que “centenas de civis foram assassinados pelas armas bacteriológicas do Exército japonês”.

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